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Croqui
Perante a penumbra de uma sala em suas cortinas
Meu ser vulnerável é breu de tão subjacente
Perdido sem sua luz, sem sua vela bailarina.
Facilmente se entrega ao silêncio presente.
Olho para cima e vejo um canyon no teto,
Olho para mim e percebo um outro canyon que me divide,
Distanciando nosso amor e trazendo para perto
A falta do semblante que dentro deste cego olho reside.
Olho para mim novamente e pergunto:
Perguntas, para que perguntas?
Sabe-se que agora ela está chorando em algum canto.
Um pranto que se planta.
Mais uma dívida cobrada pelo diabo irritado
Tirando sem avisar
A minha Luz, a minha face do lado
Que não soube olhar.
Subo a serra toda manhã de inverno
Para mergulhar lá de cima,
Planar suave no meu silêncio eterno
Até cair num copo cheio de rimas.
Sua imagem, não consegue fugir da minha retina,
Sua voz retine em meus ouvidos
Deixando surdo tudo que me desatina.
Uma culpa que me deixa ferido.
Desculpe por eu ter parecido de pedra
Você sofre agora e sofria antes,
É triste quando algo se quebra
Sem recuperar a felicidade aparente.
Você ainda mora no vale da saudade
Na fazenda ao pé da serra
E dorme ao lado do corpo de seu pai sem vaidade
Enterrando a minha lembrança nesta terra.
A irmã é uma estrela das letras
Usurpadas de uma cruel tristeza sua.
As palavras aparecem quando seu semblante soletra
Sem fé os versos no papel flutuam.
O pior é que ela lá, ainda está
E eu, eu ainda estou aqui
E nós, nós estamos por toda parte sem nos encontrar
E a vida, a vida é apenas um croqui.
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