CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Vertedouro de versos

Os dedos estão loucos
Não param de mudar os canais.
Os olhos lacrimejam
Um cansaço inesgotável de tanta curiosidade e ansiedade.
Os versos estão nos dias
Nas noites, no frio
Na triste partida, na alegria ausente...
Que ausência?
Que sentimento é este?
A cada dia crio um sentimento novo,
Mas sempre esqueço de patenteá-lo.
Agora só vejo uma sombra triste
Sobre o papel atrapalhando o movimento da caneta,
Que no escuro se perde.
Assim, perde-se também a vontade de refletir.
As lembranças dizem adeus.
A vontade de viver e ver coisas novas
Perde a vontade de ver e viver coisas novas.
Tudo é previsível
Tudo se iguala.
O meu rosto sempre muda
Os meus versos sempre se distorcem
E não dizem nada.

Sonhava em ser um vertedouro de versos!
Num imenso reservatório estancado
Para movimentar a usina de poesia,
Mas percebi que isso não é realidade.
O que é real?
O que é normal?
Estar sentado buscando de alguma forma valorizar-me escrevendo algo
Que só serve para mim?
Que estranho suplício de tentar passar para frente
O que está doido para se esconder
Numa timidez do meu próprio “eu” absurdo?
Sou mórbido porque a morbidez me mobiliza
Me prende
Me tortura.

Apago a luz do meu quarto vazio
Para acender os meus olhos.
Peço-lhes desculpa por me desculpar,
Estou e sempre estarei sem estar.
Vocês pensarão se pensar vale à pena.
Não se preocupem comigo,
Sou leve e vôo com o ar.

.....................................................
Alguns cuja alma bóia no naufrágio da ventura
Aos escolhos da culpa ou mar do excesso são levados;
O ímã da rota foi-se, ou só e em vão aponta a obscura
praia que nunca atingirão os panos lacerados.
(Lord Byron)

Submited by

terça-feira, novembro 17, 2009 - 22:47

Poesia :

No votes yet

FranciscoEspurio

imagem de FranciscoEspurio
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 14 anos 22 semanas
Membro desde: 11/08/2009
Conteúdos:
Pontos: 450

Comentários

imagem de jopeman

Re: Vertedouro de versos

Excelente

Tanto que poderia destacar

"Tudo é previsível
Tudo se iguala.
O meu rosto sempre muda
Os meus versos sempre se distorcem
E não dizem nada.

Apago a luz do meu quarto vazio
Para acender os meus olhos.
Peço-lhes desculpa por me desculpar,
Estou e sempre estarei sem estar.
Vocês pensarão se pensar vale à pena.
Não se preocupem comigo,
Sou leve e vôo com o ar."

E se um verso não diz nada...já as lágrimas dirão tudo, mas no escuro...no escuro elas irão procurar um caminho que desague na foz de um sonho

Fabuloso, adorei
Abraço

imagem de RobertoEstevesdaFonseca

Re: Vertedouro de versos

Lindo poema.

Gostei.

Um abraço,
REF

imagem de MarneDulinski

Re: Vertedouro de versos

LINDO POEMA, GOSTEI1
COMO TUDO PASSA, ESSA FASE TAMBÉM PASSARÁ E CHEGARÁ O DIA EM QUE AS POESIAS CAIRÃO DO COLO DE SEU PERSONAGEM, PARA NOS ENCANTAR COM BELAS E NOVAPOESIAS!
um abração,
MARNE

imagem de Manuelaabreu

Re: Vertedouro de versos

Francisco
parabéns pela poesia soberba cheia de ditos e contraditos!

Lindos versos feitos com criatividade e mestria na fonte chama da poesia:

"Apago a luz do meu quarto vazio
Para acender os meus olhos."
Um abraço :-)

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of FranciscoEspurio

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Fotos/ - 2085 0 2.256 11/24/2010 - 00:45 Português
Ministério da Poesia/Geral Tentativas inúteis na sacada 0 3.244 11/19/2010 - 19:10 Português
Ministério da Poesia/Geral Odisséia 0 2.783 11/19/2010 - 19:10 Português
Ministério da Poesia/Dedicado No caminho das pedras brilhantes (São Thomé das Letras) 0 3.583 11/19/2010 - 19:10 Português
Ministério da Poesia/Geral O viço dos seios 0 3.434 11/19/2010 - 19:10 Português
Ministério da Poesia/Intervenção A pele iraquiana 0 2.846 11/19/2010 - 19:10 Português
Ministério da Poesia/Geral O revés 0 2.713 11/19/2010 - 19:10 Português
Ministério da Poesia/Geral O guardião 0 2.856 11/19/2010 - 19:10 Português
Ministério da Poesia/Geral O Demônio Interior 0 2.704 11/19/2010 - 19:10 Português
Ministério da Poesia/Geral Morte ao amanhecer 0 2.585 11/19/2010 - 19:10 Português
Ministério da Poesia/Geral Death to be born wise 0 2.849 11/19/2010 - 19:10 Português
Ministério da Poesia/Dedicado O texto de um pai 0 3.484 11/19/2010 - 19:10 Português
Ministério da Poesia/Fantasia Ninfas 0 3.151 11/19/2010 - 19:10 Português
Ministério da Poesia/Geral Atado ao Umbigo 0 2.719 11/19/2010 - 19:10 Português
Ministério da Poesia/Intervenção Pentáculo 0 2.573 11/19/2010 - 19:10 Português
Ministério da Poesia/Dedicado Jean Baptiste Grenouille 0 3.287 11/19/2010 - 19:10 Português
Ministério da Poesia/Geral O estocástico 0 2.361 11/19/2010 - 19:10 Português
Ministério da Poesia/Geral Sido Ser 0 2.267 11/19/2010 - 19:10 Português
Ministério da Poesia/Geral Grão latente 0 3.625 11/19/2010 - 19:10 Português
Ministério da Poesia/Geral O salto das horas 0 3.227 11/19/2010 - 19:10 Português
Ministério da Poesia/Geral Segure minhas mãos 0 2.730 11/19/2010 - 19:10 Português
Ministério da Poesia/Intervenção Decepção da obra e do poder 0 2.919 11/19/2010 - 19:10 Português
Ministério da Poesia/Geral O ensejo da soma 0 2.868 11/19/2010 - 19:10 Português
Ministério da Poesia/Geral Perdição 0 2.898 11/19/2010 - 19:10 Português
Ministério da Poesia/Dedicado Figura de madeira disforme que orna a proa de minha embarcação (Carrancas) 0 2.831 11/19/2010 - 19:10 Português