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Jaaaaargh

Jaaaaaaargh

Encontrei-me numa festa lasciva
E promíscua da noite faculdade
Não era nem minha nem tua
Jamais te havia visto imagem diva
Dançando despida entre gente nua
Em tal maré de música vontade
Por ti a noite não era mais viva

Movimentos fluidos de convexão
Afastavam-nos naturalmente
Não te sabia até ao presente
Não havia força de atracção

Porém por decisão do destino
Ou da chama qu’aquecia o lugar
Fui dar por mim só a olhar
Costas com costas ao teu cantar
Convergimos num sítio pequenino
Procurávamos por coisas comuns
Procurávamos dois sem motivos nenhuns

Embriagada balançavas
A meu lado já não sorridente
Doía-te o corpo que enjoavas
Por isso dei-te a mão para encontrarmos
O que aos dois nos era contente
Como dois parceiros trabalharmos

Mas as tuas pernas não cediam
Pernas longas morenas loucuras
Balbuciavas querer procurar
Mas olhos sonos não resistiam
Negros rondos e teu falar
Lábios grossos de incisuras

Eras tão bela quanto sincera
Por seres disso consciente
Por seres o espelho de ti fera
Era eu inebriado em teu repente

Pausamos a nossa pesquisa
Pesquisei como te chamavas
Tu sorrindo a boca indecisa
Vomitaste pela primeira vez
Cuidei-te e conversavas
Alegre cansada sobre tudo
Sobre mim e ti sem nenhuns porquês
Sobre o mundo e eu falava mudo
Pra escutar o que me agradavas

Perguntei onde longe moravas
E vomitaste pela segunda vez
Cuidei de ti de amor fraco
Fazia frio e tiritavas
E eras deleite dei-te o casaco
Eras sincera mais que a nudez

Amava-te pelo teu vomitado
Porque eu era verdade a teu lado

Mas
Vieram-te amigas ao fim buscar
Disseste adeus com a mão
A mão que à minha dava comichão

No fim não sei como te tornar
Meus dias são imóveis vazios
São altares de te relembrar
Tristes passados frios

Onde te começar a procurar
Onde sem nome nem lugar
Só tua essência e voz pintada
Por não saber quem vens de onde és
Só lembrança de ti lembrada
De tão frágil vomitares a meus pés
Cuspias minha embriaguez prostrada

Oh o que eu lembro vai sendo difuso
Tua face gasta-se no amor uso
Não o fascínio que me deixaste

E tu também me recordaste

No meu casaco deves ter dormido
Lembras-te de quem ele era
E saberás num lugar desconhecido
Que anseio por o tornar a vestir
Que anseio como quem desespera
Ah encher-te-hão saudades a espera
De as costas nas costas sentir

Amei-te em duas longas horas
Vendo por ti a tua cegueira
Eras mais alta e à minha beira
Saudades porque não sei se demoras

Nem se virás
Esperei-te hoje
No lugar onde nunca disseste que ias
Esperei pelo que sonhei de ti a chegar
E o que sonhei chegou,
Surgia ao fundo a toda a hora
Quando olhava por ver se te via vindo.
E nunca te via vindo.
Onde andas tu indo?

Julgava que hoje
Voltavas ao sítio onde sempre ias
Antes de a noite chegar
Mas hoje a noite não chegou,
Não vieste cá dar a hora
E eu não sei se foi por eu ter vindo,
Foi dia e eu vindo.
Porque nunca somos nós indo?

Ignoravas que hoje
Te esperaria no sítio onde sempre ias
Mas soubeste não chegar.
A química da repulsão chegou,
Evitamo-nos na mesma hora
Ao mesmo lugar sem nos sabermos vindo
Em algum lado temos vindo.
Para onde devo ir indo?

Para onde devo ir indo?

Esperei-te hoje
Espero-te ânsia a toda a hora

Não vieste hoje
É porque não era a hora,
Nunca será a hora.

Não tenho onde ir indo.

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quarta-feira, dezembro 9, 2009 - 22:50

Ministério da Poesia :

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