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O BANCO, A MUSA, O BALOIÇO E A NUVEM.

O BANCO, A MUSA, O BALOIÇO E A NUVEM.

Aqui estamos os dois ,
Nas alturas,
Sentados na nuvem,
Lado a lado,
A olhar a cidade
E a contemplar o poema.

O nosso poema.

Chamaste-me,
E eu apressei-me
A encher o balão
E a voar até ti,
Enquanto te embalas
No vai vem dum baloiço
Feitos de rosas,
Deixando que o vento
Te levante a saia ,
Curta,
E me revelasse
Essas pernas de sonho
Que me enfeitiçam
Que me fascinam
E que me enlouquecem.

Cá, bem no alto,
Sentados, juntinhos,
Neste novelo de algodão macio,
Miramos o nosso poema,
E achamo-lo ainda mais belo,
mais puro,
Inocente
E mais sedutor.

Tu não estás já sentada
No banco ,
Branco,
À porta de casa
A escrever no caderno,
Nem eu estou no banco,
Branco,
À porta de casa
A tocar flauta.

Não.
Estamos ambos sentados
Na brancura da nuvem,
Extasiados,
Com a beleza do nosso poema.
E tu, continuas a embalar-te
No baloiço feito de rosas,
Num vai vem ritmado,
E insistes em deixar
Que o vento te levante a saia,
Curta e rodada,
Que quiseste vestir,
Apenas para mim.
Para que eu pudesse
Contemplar
Essas pernas de fada
Que ao balançar
Nesse baloiço feito de rosas
E pétalas de seda,
Se abrem,
(Tentadoras),
E se mostram,
(Generosas).

Sentados juntinhos,
No alto da nuvem
Olhamos a cidade
Branca,
E o nosso poema
A pairar sobre ela.

Balançamos no mesmo baloiço,
Os dois, cara a cara.
Contigo sentado no meu colo.
Aumento o ritmo do balancé,
E subimos tão alto
Que o vento, cada vez mais forte
Nos despoja da roupa,
E eu começo a sentir
O colar de missangas
A bater-me no peito
Depois das carícias com que afagou
Os teus seios de veludo

À medida que os nossos corpos
Se chegam e se unem cada vez mais,
O colar de missangas
Deixa de balançar
E fica quieto,
Muito quieto,
Aninhado entre nós.

E é assim bem unidos,
Que olhamos a cidade,
Lá em baixo,
Tão pequena e tão branca
A espelhar a alvura do nosso poema.

Que linda que é a nossa cidade.
Que belo que é o nosso poema.

Maravilhados,
Deixamo-nos cair para dentro da nuvem
Também ela branca,
Tão branca
Como o nosso poema.
Macia,
Tão macia como o teu corpo de seda.

De repente,
Uma luz, intensa e brilhante
Saída da nuvem,
Iluminou o poema
E encantou a cidade.
Enquanto isso,
Letras e notas de música
Saídas da nuvem.
Branca e macia.
se soltam nos ares
E cobrem o céu.

E enquanto caem sobre a cidade
Compõem hinos e poemas
Sobre musas e faunos
Sobre fadas e príncipes
Que envolvem de magia
O banco,
Branco,
(Agora só um),
À porta de casa,
(Também uma só).
Pousaram
Sobre o caderno ,
E a flauta,
Que ali se encontravam
Bem juntos
No mesmo banco.

Finalmente um banco só
Esperava por nós
Quando descêssemos do alto da nuvem.

Um banco para nós os dois.
Apenas um só.

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quarta-feira, dezembro 16, 2009 - 00:27

Ministério da Poesia :

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GuiDuarte

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