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Sangue no asfalto

O anoitecer traz um sentimento fúnebre
A cidade dorme para ocultar
O ácido impulsiona vida sem vida daqueles que estão dominados
&
Mesmo assim, sua alma gentil procura abrigo...
Uma beleza sem igual, indescritível...
Mesmo se existisse mil poetas.

O semblante triste misturado aos belos traços
É o segredo ocultado num anjo
Mais secreto que o próprio Graal.

Sua vida é levada pelo Rio de Lágrimas
Uma música suave faz-me chorar
O som espalha-se e tenta envolver todas as frestas
Até misturar-se à solidão...
É o sentimento de estar só numa noite sem fim
Uma sem cor lua tépida
Um livro não lido de desconhecida linguagem.

Ferimos o nosso único Deus
E agora
Perdidos cá estamos.

O que será feito de nossas orações cristalinas?
Tento possuir-te
Tenho medo de tocar em sua pele de porcelana.
O crucifixo está na parede há anos
Vence o tempo, a umidade e acumula um pecado
Imperdoável
Ensanguentado
E triste.
Tento gritar
Fazer o som romper todas as portas
Acordar este mesmo Deus... Tão somente agora chora
Jesus, Jesus, Jesus!

Pobres insanas inocentes crianças
Nascem dormem acordam morrem
Não aprendem nada...
São as palavras do messias que cortaram suas cabeças.

Embriagado pelo escuro da noite estou
Sinto o galope no seu imponente cavalo de madeira.
O cristal caiu e esparramou diamantes no chão
Estou cego perante o sopro de fogo do dragão
Que vai levando as almas de todos os bebês recém-nascidos.

O que pretende tu escreveres?

O mesmo rosto bonito agora aparece refletido no espelho d’água
Acumulada no buraco da estrada tal como sepulcro.
Misturam-se lágrimas à suave garoa de sangue...
Pobre garota, não conheces os segredos do monstro
Que doma este asfalto com suas rédeas implacáveis.

Feche os olhos
Durma em paz
Amanhã fugiremos para as montanhas
Lá!
Libertaremos nossas almas.

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quarta-feira, dezembro 16, 2009 - 20:48

Ministério da Poesia :

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FranciscoEspurio

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