Sem Título
Hoje o ar estava cortante. A atmosfera estava cortante, não só pelo frio, havia algo mais.Algo que não era visível, crível, ou mesmo plausível. Para quem conseguia sentir, estava lá. E de quem passava naquela manhã de inverno pela rua, apenas uma conseguia sentir o que estava no ar. Que aquilo estava no ar. Mas tendo apenas 12 anos de idade, não sabia identificar o que era aquilo, muito menos imaginaria que aquilo estava ali. Portanto, foi uma surpresa para ela quando um alguém sussurrou ao seu ouvido: "corra"...
Corra? Correr de que? Para onde? Quem falou isso? - a menina se perguntava enquanto olhava em volta. Ninguém a sua volta parecia ter falado isso, muito menos sussurrado em seu ouvido. Dentro do seu ouvido... "Corra, menina, corra..." Novamente aquela voz... Vinda de onde? De lugar nenhum, ninguém falou aquilo. Isso estava começando a aterroriza-la. Olhou para os lados nervosamente, apertou mais forte a mão de sua mãe. Simultaneamente, a sensação de algo no ar se intensificava, quase palpável.
"Menina, você tem que ir agora! Corra, corra AGORA!" A voz deixou de sussurrar, e falava agora em tom de urgência, que fazia a menina esquecer que era uma voz sem dono. Ou a sensação cortante que se espalhava. Fez ela se concentrar na mensagem, olhando imediatamente para a sua mãe e dizendo "vamos embora!"
"Por que, minha filha? Ainda temos que andar um pouco para chegar... E nem chegamos!" "Vamos, mãe! Temos de ir agora, rápido." "Mas.. Para onde?" Verdade.. - pensou ela. Pra onde eu tenho que correr?? "Corra, menina.. corra para um lugar fechado. Corra para sua casa. Rápido."
"Vamos pra casa, mãe. Vamos voltar." Claro que não, minha filha! Acabamos de sair. "Eu preciso voltar agora. Eu... Esqueci meu caderno." Humm.. Esqueceu seu caderno, é? Tudo bem, então - Dito isto, a menina puxou a mãe pela mão, arrastando-a pela rua rapidamente. As vozes continuavam a apressa-la, e agora ela podia ver por que. Fios de nuvens desciam, calmamente, do céu onde estavam para grudar-se aos objetos mais próximos. Algodão branco descia enrolando-se como uma serpente prestes a dar o bote, pelos postes, pelos fios de telefone. Caiu em cima de uma pessoa, enquanto a menina corria, um tanto apavorada. E nesse estado que ela viu essa pessoa respirar aquela nuvem branca que caiu do céu, empalidecer, andar com mais dificuldade... Como se pesasse uma tonelada, ela era branca como uma nuvem.. Até que essa pessoa se dissipou no ar, assim como a nuvem.
Foi então que a menina se deu conta do perigo da situação. E correu até sua casa junto com sua mãe, correu depressa, mais rápido do que o vento que trazia aquelas nuvens venenosas. As pessoas iam desaparecendo na sua corrida, os laços de névoa se estreitavam ao seu redor... Como um corredor da morte, só sobrou o caminho do seu portão. Então a menina abriu o portão, lançou-se para dentro da casa. A porta bateu com um estrondo, e as nuvens brancas foram trancadas do lado de fora. Alívio, respiração pesada. Sua mãe, com um olhar de medo fixo na porta, chorava. A menina também. O que era aquela nuvem? Por que estava matando as pessoas? E o mais importante.. Trancadas dentro de casa, no silêncio profundo daquele céu terreno, elas pensavam... E agora?
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