Calar de flores

I

Enquanto dormes toda a natureza
Dorme contigo e a paz reina ainda cedo.
E muito penso sobre este segredo
Maravilhoso que faz a beleza
Que é tua, a das flores, brotar da quietude
E tudo encher com plenitude.

Caso à cabeceira houvesse de flores
Um vaso toda vez que eu fosse à cama
Aflito feito somente é quem ama,
Bela flor, por cada um de teus amores,
Um perfume a encher o ar de nostalgia,
Em cada pétala eu procuraria.

E a garganta o mais sincero queixume
Me sobe, sobre o poder existir
Quem possa quando eu não posso sentir
O cheiro suave que me é o teu  perfume.
Este singelo ciúme que por ti eu sinto,
Que a todos eu mentiria e que eu não te minto.

Flores tanto dizem sem dizer nada
E é este silêncio quem as faz tão belas.
Feito eu mesmo simplesmente soube “É ela!”
Ao te ver, minha eterna namorada,
Há muito tempo atrás pela primeira
Vez e a calar decidi: a derradeira.

Se sob do astro rei toda a candura
São as cores e as formas a embelezar
O dia, mais tarde, se não há tanto a olhar
A encher todo o ar será a sutil frescura.
Se feito não olhava-nos nem a lua
Tarde da noite naquela fria rua.

 

 

 

II

E se para perceber que és me em tudo
Estes versos ainda não são o bastante
Pensa em desenhos, jardins verdejantes.
No colorir de tão absorto mudo
Do arbusto, da árvore, do céu, do sol
E entre eles, bem vistoso, um girassol.

Nos arbustos flores pequeninhas,
Na árvore, sempre vermelha, há uma maçã.
Rosas roubam a sua cor da manhã
E mesmo em bouquet sentem-se sozinhas:
Se nos fere a apartar-nos a distância
Ferem-nas os seus espinhos em sua ânsia...

As flores estão por todos os lados.
Se não, sutil, há no silêncio um frescor
E na lembrança as lembranças, meu amor,
De quando enfim juntos e apaixonados
Pudemos um no do outro estar nos braços
Feito não estivemos no fim de março.

Ao chamar a ti de minha querida
Quero para da minha alma o deleite
Um sorrir branco tal qual copo-de-leite
Que é branco também como a margarida...
Pobre margarida sempre gentil
A velar por quem vive quem partiu.

As margaridas são sempre gentis
Feito em meu rosto o toque da tua mão
Quando após fazer o meu coração
Se sentir feito nunca foi feliz
Chegara a mais temida e inevitável hora:
Ficava tarde e tinhas de ir embora.

Submited by

Thursday, November 17, 2011 - 23:53

Poesia :

Your rating: None (2 votes)

Adolfo

Adolfo's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 47 weeks 3 days ago
Joined: 05/12/2011
Posts:
Points: 3582

Comments

Adolfo's picture

Fico feliz que tenha gostado

Fico feliz que tenha gostado do poema. E quanto as estes dois primeiros versos, acho que também são os meus favoritos dentre as três partes (depois postar a terceira por aqui).

 

Grato eu!

SuzeteBrainer's picture

Olá Adolfo, Como fiquei

Olá Adolfo,

Como fiquei encantada com esse teu poema,é muito belo e esse começo:"Enquanto dormes toda a natureza/ dorme  contigo e a paz reina ainda cedo."

Sublime!!

Abraçosmiley

 

Add comment

Login to post comments

other contents of Adolfo

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Dedicated Chemistry II 2 1.420 07/27/2011 - 19:23 Portuguese
Poesia/Sonnet Não rezo 0 1.744 07/26/2011 - 20:32 Portuguese
Poesia/Sonnet Saudade 0 1.157 07/26/2011 - 19:01 Portuguese
Poesia/Sonnet No banco de uma praça as escondidas VII 0 1.410 07/24/2011 - 22:00 Portuguese
Poesia/Sonnet No banco de uma praça as escondidas VI 0 1.211 07/24/2011 - 21:59 Portuguese
Poesia/Sonnet No banco de uma praça as escondidas V 0 1.141 07/24/2011 - 21:57 Portuguese
Poesia/Sonnet No banco de uma praça as escondidas IV 0 1.396 07/24/2011 - 21:55 Portuguese
Poesia/Sonnet No banco de uma praça às escondidas III 0 1.926 07/24/2011 - 21:52 Portuguese
Poesia/Sonnet No banco de uma praça as escondidas II 0 850 07/23/2011 - 03:18 Portuguese
Poesia/Sonnet No banco de uma praça as escondidas 0 1.321 07/23/2011 - 03:09 Portuguese
Poesia/Sonnet Bom dia! II 0 1.540 07/23/2011 - 02:56 Portuguese
Poesia/Sonnet O amor... II 2 2.130 07/23/2011 - 01:30 Portuguese
Poesia/Sonnet Tributo a Augusto dos Anjos VII – Devorador de sonhos 0 1.935 07/23/2011 - 01:07 Portuguese
Poesia/Sonnet Tributo a Augusto dos Anjos VI ─ Justiça 0 2.244 07/23/2011 - 01:05 Portuguese
Poesia/Sonnet Olha 0 1.106 07/19/2011 - 00:20 Portuguese
Poesia/Sonnet “Nas noites frias poderia ser como um cobertor” 0 1.448 07/19/2011 - 00:05 Portuguese
Poesia/Sonnet Grilo 0 1.612 07/19/2011 - 00:03 Portuguese
Poesia/Dedicated Somos feito a lua e o mar 0 1.251 07/19/2011 - 00:01 Portuguese
Poesia/Dedicated Ciúmes III 0 784 07/19/2011 - 00:01 Portuguese
Poesia/Love Amo II 0 1.810 07/19/2011 - 00:00 Portuguese
Poesia/Love Chuva de verão 0 1.436 07/18/2011 - 23:59 Portuguese
Poesia/General About Me II 2 1.465 07/18/2011 - 23:51 Portuguese
Poesia/Sonnet Chuva cai 0 2.097 07/13/2011 - 01:07 Portuguese
Poesia/Sonnet Frio infernal 1 1.713 07/12/2011 - 00:35 Portuguese
Poesia/General Tédio Parte II 1 1.157 07/10/2011 - 20:35 Portuguese