Uma tarde de chuva
Toda pessoa tem seus esqueletos no armário, segredos escondidos a sete chaves, gemidos perdidos em algum lugar. E em dias de chuva costumam frequentar a lembrança da mais pacata a mais atrevida mente, mesmo sendo ela sã.
Uma brisa para alguns, refresco para outros tantos, mas para dois corpos, uma tarde que brinda a vida com uma aconchegante chuva, é o convite em forma de poesia aos olhos curiosos do desejo.
Paredes em tons de roxo confundem a mente dos corpos se encontram em um despretensioso sexo casual, apenas mais algumas palavras sem sentido, arranhões superficiais, nada que a alma sentirá, tanto quanto a saudade do suor, sujo e promiscuo que contracena com a janela embaçada.
Taças de vinho com suas bordas manchadas pelo toque dos lábios, uma garrafa há meia altura, roupas espalhadas, dividindo-se entre cadeiras, escrivaninha e abajur, ao fundo tocando suavemente uma bossa. As mãos delicadas, que de forma abrupta possuem o corpo quase que instintivamente, a língua que procura o ouvido, murmurando os segredos vassalos, implorando por mais e mais.
A maravilhosa sensação que se tem ao perceber que toda timidez contida naquele corpo se esvai, ao toma-la em minhas mãos, libertando uma espécie de mulher antes nunca vista por outros, fogosa e surpreendente, tão viciante quanto a mais pura química já feita pelo homem.
Sensações tão a flor da pele que o tempo foge ao controle dos olhos, passam-se segundos, minutos e talvez horas. Restando abraços e palavras vazias, olhos que correm sobre seu corpo nu, macio e cheiroso, a chuva caindo e nos avisando que a tarde poderia sim ser emendada com a noite, que poderíamos repetir quantas vezes mais fossem possíveis, pois aqueles arranhões logo sairiam do corpo, restando apenas à lembrança de todo desejo alcançado, em uma tarde chuvosa de abril.
Submited by
Prosas :
- Login to post comments
- 2622 reads
Add comment
other contents of Pablo Gabriel
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Love | Lugar mais importante | 1 | 1.762 | 03/16/2012 - 18:34 | Portuguese | |
Poesia/Love | Somos | 0 | 1.519 | 03/16/2012 - 17:51 | Portuguese | |
![]() |
Fotos/Others | Milagreiro | 0 | 1.868 | 03/13/2012 - 20:14 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Others | Entre tantos | 0 | 3.910 | 03/13/2012 - 20:13 | Portuguese |
Poesia/Love | Entre tantos | 0 | 1.460 | 03/13/2012 - 20:10 | Portuguese | |
Poesia/Love | A vida acontece | 0 | 1.447 | 03/13/2012 - 19:23 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Tapete de convicções | 0 | 1.408 | 03/12/2012 - 15:43 | Portuguese | |
Poesia/Love | O tempo passa | 0 | 1.627 | 03/07/2012 - 18:51 | Portuguese | |
Poesia/Love | Maquina de sentimentos | 0 | 2.013 | 03/06/2012 - 20:29 | Portuguese | |
Críticas/Miscellaneous | A duvida que existe | 0 | 4.912 | 03/06/2012 - 15:42 | Portuguese | |
Poesia/Love | Um dia te amei | 0 | 2.573 | 03/05/2012 - 18:20 | Portuguese | |
Críticas/Miscellaneous | Brasil o país do faz de conta | 0 | 4.167 | 03/05/2012 - 15:16 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | No branco do infinito | 0 | 1.135 | 03/02/2012 - 19:15 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Real e verdadeiro | 0 | 2.439 | 02/27/2012 - 17:21 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | A verdade nas mãos | 1 | 1.672 | 02/27/2012 - 16:58 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Mesmo sem motivos, amado. | 0 | 1.874 | 02/26/2012 - 19:12 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | O pensamento para se libertar | 0 | 1.470 | 02/25/2012 - 14:37 | Portuguese | |
Poesia/Love | Sorte sua, sorte minha | 0 | 1.200 | 02/22/2012 - 18:54 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Alienação | 0 | 1.433 | 02/20/2012 - 16:35 | Portuguese | |
Poesia/Love | A gota | 0 | 2.791 | 02/19/2012 - 18:53 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Culpa teus olhos | 1 | 1.840 | 02/19/2012 - 18:36 | Portuguese | |
Críticas/Miscellaneous | A falsa moral | 0 | 2.553 | 02/18/2012 - 12:44 | Portuguese | |
Poesia/General | Caminho da Vitória | 0 | 1.915 | 02/16/2012 - 14:57 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Para quem não tem medo | 0 | 1.799 | 02/16/2012 - 14:29 | Portuguese | |
Poesia/General | Aos olhos do desconhecido | 0 | 1.941 | 02/15/2012 - 16:23 | Portuguese |
Comments
O amor e a sexualidade em
O amor e a sexualidade em conjunto. Divino a meu ver.
Excelente prosa.
Cumprimentos
Sofia Ferreira