José Cardoso Pires- A República dos Corvos

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Está com uma diarreia de língua que não há milagre que a estanque.

Cada homem transporta dentro de si o seu bestiário privado.

O Afecto e o Amor ocupam muitas vezes lugares que o dever não consente.

Deus criou o cão que nunca mais o largou e para se ver livre dele criou então o Homem.

As pessoas ainda estão longe de avaliar a importância das palavras na construção da ordem e da consciência.

Enterro de cão, gato não chora.

O amor dos pais só dá meças ao perdão.

Padres, cisco dos céus. Caiam em chuva peneirada sobre os campos á desgraça e em menos de um ámen já eram um extenso prado de hastes negras com as coroas-corolas das cabeleiras a dar a dar.

Fome para eles era o pão de cada dia

Faziam como o mexilhão: Pé na rocha e força contra a maré.

…palavreado para tapar o olho cego. (Ele próprio limpava o rabo aos jornais).

Perder a tempo, é meia vitória ganha.

Burro que aprende línguas, esquece o coice e perde o dono.

O surdo que muito canta acredita que tem boa voz.

Sempre que a mentira bate à porta de um infeliz traz uma enfiada de desgraças na cauda.

Atirava-se ao discurso com aberturas de largos cumprimentos, mas ao entrar no propriamente da matéria punha-se com sustenidos, muitos sins e mais que também e retirava-se às arrecuas, todo vénias.

Fingir de cego é virtude de quem vê de mais.

A presa quando é de respeito mete muitas voltas pelo meio.

… criou então os espelhos da formusura, maldita hora!
     Colocou-os, não em barracões de gargalhadas, como os outros…           
     Foi mal compreendido, para seu grande espanto. Cuspido a seguir; apedrejado depois; e só mais tarde percebeu que aqueles espelhos eram um insulto à natureza defeituosa dos visitantes.
      Éramos felizes, Satanás, gritou-lhe um dos clientes mais fiéis dos espelhos grotescos. Éramos felizes e escorreitos quando nos punhas aquelas carantonhas à nossa frente e agora atiras- nos com a imagem do impossível. Some-te, Satanás dos olhos de anjo!

Não há nada como o tempo para mudar a cor à vida.

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Friday, October 5, 2012 - 11:26

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