Fédon - Platão
[Teoria dos Contrários: 1ª prova da imortalidade da alma]
Depois de ele ter acabado de falar, tomou Cebes a palavra:
Tudo isso, Sócrates, parece-me excelentemente dito; quanto, porém, se refere à alma, é objecto de grande incredulidade para os homens, que suspeitam não existir em parte nenhuma, depois de se separar do corpo, e que, no dia da morte, é destruída e perece com eles. Apenas se separa e sai do corpo, imaginam, esvai-se como hálito ou fumo e, esvaída deste modo, não existe em nenhum lugar. Pois, se subsistisse algures unida a si mesma e liberta dos males de que falaste agora, a esperança de que as tuas palavras fossem verdadeiras, Sócrates, seria bela e grande. Mas precisa talvez de não pequena explicação e de prova o asserto de que a alma de quem morre continua a viver e actua ainda e pensa.
(...)
Mas não olhes o problema, continuou Sócrates, apenas em relação aos homens, se desejas mais facilmente descobrir a verdade; considera-o também em relação a todos os animais e plantas, numa palavra, relativamente a tudo o que nasce. Vejamos, então, se todos os seres se originam deste modo, isto é, se os contrários não se originam de outra coisa a não ser dos seus contrários em tudo, em que existe uma tal relação: o belo, por exemplo, do seu contrário, o feio, o justo do injusto e assim inumeráveis coisas, que estão no mesmo caso.
(...)
-Estamos portanto, prosseguiu Sócrates, em posse deste princípio:
todas as coisas contrárias nascem daquelas que lhes são contrárias.
-Indubitavelmente.
(...)
Se, por exemplo, existisse adormecer, mas o acordar, proveniente de dormir, não lhe correspondesse, compreendes que tudo viria, enfim, a provar que o caso de Eudimião não passaria de frioleira, que em nenhuma parte poder-se-ia verificar; pois todas as coisas estariam como ele, mergulhadas no sono. Do mesmo modo, se tudo se unisse e jamais se separasse, em breve se realizaria o que disse Anaxágoras. «todas as coisas em desordem»
(...)
-Em minha opinião, Cebes, é-o mais que qualquer outra coisa; e nós, concordando neste ponto, não nos iludimos; antes é um facto o regresso à vida, que os vivos nascem dos mortos, que as almas dos mortos subsistem e que há um destino melhor para as boas e um pior para as más.
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