TRAIÇÃO

Traição

Navegas no meio da bonança,

Metido na tua abastança,

Eu navego no meio do vendaval,

Com as migalhas de um pardal.

Meteram - te num cargo sem merecer,

Não pela política do teu valer,

Só porque falas melhor do que eu,

Meteram – no lugar que me pertenceu.

É assim, as pessoas não se medem,

Por aquilo que elas merecem,

Mas sim pelas palavras sem valia,

Que a própria dignidade repudia.

As palavras da tua inteligência,

São um embuste, uma negligência,

Apenas saem da tua boca para o exterior,

E caem no chão sem valor.

E digo isto sem qualquer inveja,

Ou de ciúme do que quer que seja,

Apenas sinto dor da injustiça,

Sem qualquer sentimento de cobiça.

Pisaste e ofendeste quem te deu,

O ser que és e com amor concebeu,

Já não os conheces são seres pobres,

Mas são ricos de sentimentos nobres.

O tempo será o melhor justiceiro,

Espero que ele seja verdadeiro,

Os seus olhos hão de ver quem tu és,

E juntará a tua cabeça aos teus pés.

Arrependimento nunca terás,

Voltar atrás não és capaz,

Vendeste a dignidade a qualquer preço,

A razão da verdade a Deus lhe peço.

Passas por mim, desvias o teu olhar,

Tens vergonha de quem te ensinou a andar,

Não faz mal, serás sempre de mim oriundo,

Ambos pertencemos ao mesmo mundo.

Tavira, 28 de Dezembro de 2009 – Estêvão