RECORDAÇÕES
Recordações
Lembras – te daquele Junho de Primavera?
Foi o dia mais aflitivo, à tua espera,
Demoraste pouco mas esse pouco foi uma eternidade,
Uma leve brisa soprava como eu queria,
Tu parecias uma princesa que eu não merecia.
Entraste na igreja pelo braço do teu irmão,
Pois o teu pai não te quis dar a sua mão,
Por achar que eu não era homem para ti,
Por ser pobre, mas eu sempre te mereci.
Eu esperava – te naquele santo altar,
Pronto para contigo casar,
A marcha nupcial tocava para nós,
E ao dizer o meu sim, quase perdi a voz.
Olhámos um para o outro e nos beijámos,
E depois aquele santo altar deixámos,
Juntos para sempre foi a nossa jura,
E essa junção amorosa ainda perdura.
Lembras – te, dos nossos lindos sorrisos?
Eles foram abertos, francos e precisos,
Eram os nossos sorrisos longos de felicidade,
Próprios do nosso amor e da nossa vaidade.
Os filhos do nosso amor foram desejados,
Por isso foram sempre muito amados,
Agora o tempo já nos envelheceu,
Ao nosso amor não sei o que lhe aconteceu.
O amor ainda arde mas anda muito escondido,
Está dentro de nós, mas já não é ouvido,
Comparo o nosso amor a um flor que já murchou,
Já não sinto o seu calor, até parece que acabou.
Eu sinto que o meu amor ainda chama por ti,
Mas a sua chama não já arde, não a vejo aqui,
Devíamos falar os dois sinceramente,
Para dizermos um ao outro o que cada um sente.
Lembras – te da alegria que sentíamos,
Quando alegremente ainda corríamos,
Um atrás do outro a brincar às escondidas?
Éramos duas crianças já crescidas,
Depois nos beijávamos num encontro repentino,
Com um abraço tão belo e tão doce e fino,
Agora, vivemos apenas de recordações,
Já não sentimos o palpitar dos nossos corações.
Tavira, 6 de Setembro de 2010 – Estêvão
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