O MEU EU E O OUTRO

O meu eu e o outro

 

 

Quando não sei onde acaba o eu,

E começa o outro algo em mim se perdeu,

Possivelmente já perdi a objetividade,

Tenho de lutar contra esta irracionalidade,

Estão em causa os meus sentimentos,

Amarrados os meus encantamentos,

Que me impedem de ver a vida real,

E posso julgar o que vejo como virtual.

 

Eu como observador e o observado,

Apenas o exterior está a ser pensado,

Crio uma barreira externa que me impede,

De o ver por dentro de ânimo leve,

Pois lá não consigo chegar à fortaleza,

Apenas os olhos vêem, com certeza,

O acto de julgar pode ser enganador,

Em lugar de vencer sou um perdedor.

 

Esta divisória entre o julgador e o julgado,

Existe um espaço que está murado,

Que eu não vejo e pelas palavras tento,

Entrar dentro do outro pensamento,

Mas entre o pensamento e as palavras,

Muitas decisões são enganadas,

Até posso condenar um inocente,

E livrando da morte quem mente.

 

O conhecimento seguro pode andar à deriva,

Sem que a certeza das coisas eu consiga,

A objetividade pode conduzir a uma alienação,

Do facto irreal da minha observação,

Sem eu perceber o conteúdo pessoal,

Do observado e que lhe pode ser fatal,

Pela barreira o pensamento que não me deixa ver,

Aquilo que a seguir pode acontecer.

 

 

Posso planear, tentar conhecer o observado,

E eu como observador posso ficar enganado,

Pois o campo externo que os meus olhos vêem,

 Verdades ou mentiras se detêm,

E tudo num ápice se pode transformar,

No meu julgamento que do outro posso pensar,

Pois o meu eu sei bem onde ele está,

E o outro existe e eu, tento saber o seu lugar.

Tavira, 24 de Julho de 2012-Estêvão

 

Submited by

Wednesday, November 25, 2015 - 10:38

Críticas :

No votes yet

José Custódio Estêvão

José Custódio Estêvão's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 2 years 34 weeks ago
Joined: 03/14/2012
Posts:
Points: 7749

Add comment

Login to post comments

other contents of José Custódio Estêvão

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Comedy PESQUEI UMA BOTA 0 1.606 05/28/2012 - 09:53 Portuguese
Poesia/General RELÓGIO DA TORRE 0 1.031 05/28/2012 - 09:49 Portuguese
Poesia/Fantasy FANTASIA 0 855 05/26/2012 - 23:28 Portuguese
Poesia/Meditation FOGO 0 1.026 05/26/2012 - 23:23 Portuguese
Poesia/Meditation QUANDO TINHA A TUA IDADE 0 1.257 05/26/2012 - 23:16 Portuguese
Poesia/Meditation O VELHINHO 0 740 05/26/2012 - 10:14 Portuguese
Poesia/Love POR AMOR 0 444 05/26/2012 - 10:12 Portuguese
Poesia/Meditation ÁRVORE DE PEDRA 0 1.295 05/26/2012 - 10:10 Portuguese
Poesia/Thoughts A MINHA CAMA 2 1.603 05/25/2012 - 18:45 Portuguese
Poesia/General SONETO À CRISE 2 2.077 05/25/2012 - 18:43 Portuguese
Poesia/Disillusion GALINHEIRO 2 1.688 05/25/2012 - 18:41 Portuguese
Poesia/General UM PEIXE 2 1.485 05/24/2012 - 15:21 Portuguese
Poesia/Thoughts ABUTRES 2 1.455 05/24/2012 - 15:17 Portuguese
Poesia/Thoughts ENTRE A VERDADE E A MENTIIRA 2 2.558 05/24/2012 - 15:00 Portuguese
Poesia/Meditation NAQUELE TEMPO 2 2.049 05/24/2012 - 08:53 Portuguese
Poesia/Love ROSAL 1 1.069 05/24/2012 - 02:53 Portuguese
Poesia/Thoughts VENTO 1 575 05/24/2012 - 02:52 Portuguese
Poesia/Thoughts AMBIÇÃO DEMASIADA 1 2.140 05/24/2012 - 02:51 Portuguese
Poesia/Thoughts A FORÇA DA VIDA 3 6.038 05/24/2012 - 02:11 Portuguese
Poesia/Love PAI E MAE 1 1.949 05/24/2012 - 02:03 Portuguese
Poesia/Thoughts NADA É INSIGNIFICANTE 4 3.367 05/22/2012 - 08:41 Portuguese
Poesia/Love DESCENDÊNCIA 2 2.680 05/22/2012 - 08:36 Portuguese
Poesia/Love SEMENTES 2 1.695 05/22/2012 - 08:32 Portuguese
Poesia/Meditation O TEMPO QUE É TEU 3 2.113 05/21/2012 - 08:52 Portuguese
Poesia/General A TERRA QUE EU PISO 1 783 05/21/2012 - 03:15 Portuguese