NADA ME PERTENCE
NADA ME PERTENCE
Dizem que o país onde vivo também é meu,
Mas em nada do que ele tem não mando eu,
Se ando pela esquerda, não posso andar,
Se ando pela direita mandam parar,
Se vou pelo centro é sempre proibido,
Ando baralhado, viver neste país não consigo.
Nasci no meu pais e nada dele me pertence,
Farto-me de trabalhar e o cansaço me vence,
Levam-me tudo o que ganho e nada tenho,
Todos os dias acordo cedo e tarde venho,
Chego a casa, tenho a minha família à espera,
Apenas trago o cansaço e ela desespera.
Trabalho que nem um escravo para me reformar,
Durante quarenta anos sem parar,
Mesmo cambaleando do meu cansaço,
Tenho de correr e não andar a passo a passo,
Para não chegar atrasado posso ser despedido,
E depois fico sem casa e sem abrigo.
Quem manda no meu país ganha por falar,
E ao fim de poucos anos se pode reformar,
Andam bem vestidos em carros caros e vistosos,
Protegidos de tudo com ar de vitoriosos,
E eu sou empurrado pela polícia que os protege,
Quando afinal sou eu sem direitos quem os elege.
Se grito não me ouvem, ainda vou preso,
Por pedir o que é meu e fico indefeso,
Ando triste, velho e cansado e sem esperança,
Enquanto os meus governantes enchem a pança,
À custa do meu trabalho e nada fazem por mim,
E quando tenho a mísera reforma, chego ao fim.
Dizem que vivo em democracia, igualdade,
Em todos os atos há critérios de desigualdade,
Há justiça e educação para ricos e para pobres,
Sendo eu que ajudo o meu país a crescer,
Apenas tenho direito a um pedaço de terra para morrer,
Democracia assim eu não quero, muito obrigado,
Não posso gritar de indignação, sou escorraçado.
Tavira, 25 de Outubro de 2012-Estêvão
Submited by
Poesia :
- Login to post comments
- 2505 reads
Add comment
other contents of José Custódio Estêvão
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Meditation | FUI VER A RUA | 0 | 2.317 | 08/28/2012 - 14:01 | Portuguese | |
Poesia/General | AS CORES ABRAÇARAM-SE | 0 | 2.702 | 08/28/2012 - 13:58 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | AI MINHA CONSCIÊNCIA! | 0 | 4.087 | 08/27/2012 - 18:12 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | ENTRAR E SAIR | 0 | 648 | 08/27/2012 - 18:07 | Portuguese | |
Poesia/Love | OLHOS MEUS | 2 | 3.258 | 08/26/2012 - 15:17 | Portuguese | |
Poesia/General | CHEGAR E PARTIR | 0 | 1.293 | 08/26/2012 - 15:10 | Portuguese | |
Poesia/General | À ESPERA DE UMA VIAGEM | 0 | 2.427 | 08/26/2012 - 15:07 | Portuguese | |
Poesia/General | SER BURRO | 0 | 1.657 | 08/26/2012 - 15:01 | Portuguese | |
Poesia/General | O GOSTO DE ESCREVER | 2 | 955 | 08/25/2012 - 10:34 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | ENTRE O RIO E O MAR | 0 | 1.619 | 08/25/2012 - 10:30 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | NÃO SE NOTA NEM SE VÊ | 0 | 1.314 | 08/25/2012 - 10:25 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | SOPRO DE VENTO | 0 | 3.785 | 08/24/2012 - 09:31 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | MAIS DO QUE SOMOS | 0 | 1.640 | 08/24/2012 - 09:25 | Portuguese | |
Poesia/Passion | OFEREÇO OS SENTIDOS AO MAR | 0 | 2.088 | 08/24/2012 - 09:21 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | A SOMBRA DO VENTO | 2 | 1.989 | 08/23/2012 - 12:21 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | JÁ LÁ VAI | 0 | 3.428 | 08/23/2012 - 09:41 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | SINAIS | 0 | 2.797 | 08/22/2012 - 09:30 | Portuguese | |
Poesia/Poetrix | TRETAS | 0 | 1.691 | 08/22/2012 - 09:24 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | O VOAR DA NOITE | 0 | 2.414 | 08/22/2012 - 09:19 | Portuguese | |
Poesia/General | CHAMAR O SONO | 0 | 2.508 | 08/21/2012 - 10:40 | Portuguese | |
Poesia/Love | DUAS PAIXÕES | 0 | 2.863 | 08/21/2012 - 10:36 | Portuguese | |
Poesia/Joy | SORRI | 0 | 2.505 | 08/21/2012 - 10:32 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | O QUE FAZEMOS | 0 | 1.197 | 08/20/2012 - 11:08 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | INOCÊNCIA | 0 | 1.802 | 08/20/2012 - 11:04 | Portuguese | |
Poesia/General | BONITAS OU FEIAS | 0 | 5.155 | 08/20/2012 - 10:55 | Portuguese |
Comments
Realmente...
"Nada realmente pertence a nós que não seja o tempo, que se tem mesmo quando não se tem nada mais."
Baltasar Gracián
Poema
Nem o tempo nos pertence, o tempo é nosso dono pois somos esravos do tempo e estamos aqui o tempo que o tempo quiser.
Faça favor de ser feliz
Obrigado.