Sou eu, apenas não o posso provar
Alvorada azeda
Vómito gástrico enegrecido
Declina pudor
Além pejo, avistado vindo
Na rua cão derrubado
O passeio, a almofada, o encosto
Cheiro fétido
Couro de suor encardido
Mirar ferraduras e éguas
Uma pauta em trote lento
Apontam-me…
«Quem és tu?»
Voz familiar, desassossegada
«Sou eu, apenas não o posso provar»
«Não és não, não és quem dizes»
«Sou eu, apenas não o posso provar»
Arqueiro da calçada
Repousa o dia em serviço
Horários findos
Acorda e trabalha
Proteje a rua
Adorna o caixote e o lar
Carruagens insistem, também tu tal
Dilata ao sol da manhã
Corpo que alonga e fim cede
Sucumbe ao desenho geométrico
Já não estás quando olho…
Guardaste a pergunta
O sonho e a razão
Vendados sem fôlego
Derrotado, coço as crostas no tempo
O perdido
As lágrimas pelo soalho empedrado
Pétalas são coroando o rei defunto
«Sou eu, apenas não o posso provar»
Submited by
Poesia :
- Login to post comments
- 738 reads
brunofilipe
Add comment
other contents of brunofilipe
| Topic | Title | Replies | Views |
Last Post |
Language | |
|---|---|---|---|---|---|---|
| Poesia/Love | Um ser de dois | 1 | 752 | 05/17/2009 - 13:14 | Portuguese | |
| Prosas/Comédia | O espantalho | 0 | 1.059 | 05/07/2009 - 22:21 | Portuguese | |
| Poesia/Love | Beijo de papel | 3 | 1.021 | 05/06/2009 - 23:35 | Portuguese | |
 |
Fotos/Landscape | Lisboa | 1 | 1.070 | 05/03/2009 - 13:38 | Portuguese |
| Poesia/Love | Deusa Pagã | 1 | 975 | 04/22/2009 - 02:03 | Portuguese | |
 |
Fotos/Others | Qual caminho? | 0 | 1.288 | 04/12/2009 - 20:18 | Portuguese |
| Prosas/Romance | A Imperatriz | 2 | 1.087 | 04/07/2009 - 18:23 | Portuguese | |
| Prosas/Romance | Gostar | 1 | 1.110 | 04/04/2009 - 19:47 | Portuguese | |
 |
Fotos/Landscape | Farol | 1 | 1.144 | 04/03/2009 - 17:55 | Portuguese |
| Prosas/Thoughts | Dor/Prazer | 0 | 941 | 04/01/2009 - 00:36 | Portuguese | |
 |
Fotos/Nature | Flor | 2 | 1.238 | 03/31/2009 - 22:56 | Portuguese |
| Prosas/Romance | Romance em notas roubadas | 0 | 819 | 03/30/2009 - 03:51 | Portuguese |
Comments
Re: Sou eu, apenas não o posso provar
A tranquilidade de ser frente a necessidade de provar sê-lo, mesmo morto se é quem se é. Necessita-se provar, ou apenas a morte basta como resposta, com ou sem pétalas?
Estava precisando ler algo assim.
Grande abraço.
Re: Sou eu, apenas não o posso provar
Belo poema!
Parabéns,
Um abraço,
REF
Re: Sou eu, apenas não o posso provar
Apesar de todos os pesares, muito bela as suas palavras. Gostei do tom escatológico, me lembrou Augusto dos Anjos.