Realidade
Nunca mais farei sequer mais um verso de amor
em mim o sol se apaga, eterno amoroso ocaso.
Nunca mais sentirei esta ilusória inventada dor
em mim o mundo gira até meu fim, sem nexo, ao acaso.
Rompido, rachado vaso por onde escorre, se esvai
minha alegre vida, a ilusão perdida, a eterna ida
para o vão do que nada que sou, louco abstrato haikai
que relata sem sentido a anatomia desta ferida.
Vou, já sendo póstuma à minha estrada desvalida
(existência, sobrevivência sem vida só ciência)
prazer de ter, tristeza de não ser, apenas querida.
Espero a morte com resiganação, infinita paciência
estou só por opção, situação por mim escolhida
dispo-me assim de vida, sou morte vestida com decência.
(Que o leitor tenha condescendência...)
Das vezes que nos cansamos de sermos apenas imaginação, e nos resignamos frente a nossa, graças a Deus, perene realidade.
Mas o que salva é a arte, que sinto que em mim ainda arde.
Grata pela leitura.
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Comments
Re: Realidade
E com toda a condescendência digo "Nunca mais farei sequer mais um verso de amor", que isto é que não!!!
Continuar a escrever sim, como nos tem sempre encantado...
Gostei muito, belo grito de revolta, em que se entrega ao verdadeiro fim!
Beijinho querida!
Re: Realidade
Grata querida, claro que não são momentos poéticos, tenho muito amor para poetar ainda...
Beijos
Re: Realidade
Ana,
Triste, muito triste... MAs belo em escrita, em poesia!
Re: Realidade
Através da arte procedemos à sublimação.
Parabéns por esta reflexão, trazendo á baila a arte, a qual reputo como sendo, por assim dizer, unguento a ungir nossos caminhos.
Um abraço,
REF
Re: Realidade
analyra!
MEUS PARABÉNS PELA SUA ARTE!
LINDO, TRISTE, VALEU!
Marne