Rol
Limpem o sangue de minha mãe
Força terçã e esguelha
Enveredem para mim
Amem para mim o que não posso!
Sou esquálida criatura
Espírito vazio
Amedronto-me num gutífero de lágrimas
E fico prosternado a um pé de cadeira
Na vaga
No mofo
Na descolada
E colada
Capa de livro
Que não me prende, mas não me solta
Tenho sentimentos, oh sim!
Amo uns discos velhos que só tocam em mim
E a ribalta do palco de minha área
O proscrito está em meus punhos
E nas marcas deixadas de serem
O meu único e cabuloso abrigo
No desespero em que me encontro a vírgula não quer surgir
Não posso
Nem um pouco pensar
E termino.
Intimo-lhes e revogo:
Limpem o sangue de minha mãe
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Wednesday, January 13, 2010 - 23:06
Poesia :
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Comments
Re: Rol
Um texto, muito bom.
Gostei, muito.
:-)
Re: Rol
Um ótimo poema.
Parabéns.
Um abraço,
REF
Re: Rol
É bem escondidinho.
Denso... e precisa de uma energia lírica pra sentir-se sujeito poético aí.
Muitas imagens belíssimas.
"Na descolada e colada capa de livro..."
Todos querem um estilo próprio. E tens o seu, ainda que enraizado na genealogia.
Por outro lado... a dubiedade do poema (porque podemos sentir por vários prismas) mostra um condicionamento anterior.
Confesso apenas uma coisa... "limpem o sangue do meu pai."
É assim que me sinto.
Talvez tenha tateado, talvez não.
É um poema de se guardar.
Beijos.
Re: Rol
misto de revolta e desespero.Muito forte o teu poema. Parabéns pelo teu estilo. Abrass