SEREI EU

Serei eu?
Unicamente espelho teu?
Neste todo que não sei se é meu?
Serei só forma reflectida?
Ao todo mantida.
Sem pessoais direitos?
Somente forma de ecos de universais conceitos.
Serei somente eco delirante?
Corpóreo poema errante.
Duma corporal ilusão de crescimento.
Que se julga autora do seu sentimento.
Ou nuvem de cinzas ainda quentes?
A procurar refrescantes fontes.
Serão as minhas palavras, fonte do meu ser?
Ou crescentes ecos de mais querer merecer?
Neste todo de energias de infindos eus
Que se vão interrogando no espaço de milenares Céus.
Ou seremos nós todos, eus perdidos?
Ao encontro de sentidos.
De pensamentos metamorfoseados em visões.
Que na força do colectivo se vão espelhando em ilusões.
Forçando cada eu, ao encontro do seu magnetizado reflexo.
Criado neste terreno éden a sincronizado amplexo.
Sempre esperado no oásis da ilusória criatividade.
Em abraços de encontrados eus, no amor da humana realidade.
Eduardo Dinis Henriques