Adeus não... até breve, pode ser?
Um breve aceno ficou no ar enquanto desaparecias a uma velocidade cósmica na estrada. Contigo levavas horas de riso, momentos de ternura verdadeira. Pedaços de noite a confrontar-se com o vento, em rituais invisíveis mas audíveis.
Deixaste apenas o teu olhar triste, pendurado no bengaleiro para que eu forrasse a memória. O desabar repisado daquelas lágrimas que em determinado momento de fragilidade, desceram pelo teu rosto e que repentinamente me fizeram descer da minha fortaleza, onde combato o meu próprio medo, só porque pressenti que necessitavas do silêncio do meu abraço.
Assim… fiz, trémula mas convicta. Abracei-te como quem explica num gesto a amizade, cheia de pena de não poder pegar-te ao colo e acalmar-te. A mesma pena que sinto quando pressinto num simples olhar alguma tristeza nos olhos do meu filho, e descubro que já não posso pegar ao colo aquele metro e noventa de criança, que de repente virou um homem.
Os mesmos pés que me agarraram ao chão, enquanto a tua imagem desaparecia agarrada a um volante, despegaram-se num ápice do meu corpo e desataram a correr atrás das marcas do carro vincadas no asfalto.
É que eu tinha-te dito adeus… e odeio essa palavra!!
Ah… adeus não, adeus, não! Até breve, pode ser?
(VÓNY FERREIRA)
PS: - Obrigada Ricardo por me não fazeres a vontade e não teres apagado o meu perfil. Bem hajas!
Obrigada Inês, pela grandeza não só da tua poesia como da tua alma. Obrigada a todos aqueles que se manifestaram por mensagem, dando-me a certeza que valerá sempre a pena resistir, mesmo nos momentos de maior desânimo.
Vóny Ferreira
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Comments
Re: Adeus não... até breve, pode ser?
Aceito um até já!
Fico feliz por permaneceres, dividires e partilhares sempre esse abraço que te é tão distinto.
No fundo nunca duvidei, na certa sempre o desejei!
Beijinho querida amiga
Carla
Re: Adeus não... até breve, pode ser?
Vony fico feliz por ter ficado , mas não posso deixar de dizer o tamanho da belza do Poema , do triste Fado ...
O Adeus é algo tão ensurdecedor até para quem o diz , imagine quem o ouve .
Digo -te como disses no poema Até Breve!
Beijos
Susan
Re: Adeus não... até breve, pode ser?
Susan, foste uma das pessoas que me
deixaste palavras de apreço, e isso
jamais esquecerei. Tenho vindo acompanhar o
que escreves e... fico feliz quando pessoas
com o teu cariz poético, demonstra na prática a sua
grande sensibilidade e solidariedade com os demais.
Beijo e obrigada por me leres e comentares.
Vóny Ferreira
Re: Adeus não... até breve, pode ser?
Para além da beleza do teu escrito ainda a chuva da Mariza...
Perfeita a junção das duas coisas!
"Abracei-te como quem explica num gesto a amizade, cheia de pena de não poder pegar-te ao colo e acalmar-te. A mesma pena que sinto quando pressinto num simples olhar alguma tristeza nos olhos do meu filho"
Bela passagem minha querida e obrigada por teres-te deixado ficar!
beijinho em ti!
:)
Inês
Re: Adeus não... até breve, pode ser?
Fico muito satisfeito, por ver que reconsiderou,
e vai continuar a repartir connosco, a sua
experiência de vida, adornada com os
seus belos sentimentos, através da
escrita sublime, a que
nos habituou.
:-)
Re: Adeus não... até breve, pode ser?
Carríssima Vony, comovente teu texto, algo de sincero e belo com certeza.
Quanto às palavras...
São somente palavras!
O que perdura é o sentimento. Este sim é eterno.
Beijo grande e favoritos nele, pela carga de sentimento que ele encerra e pela beleza da forma que exprimes um afeto tão puro e cristalino. Tenho certeza que também quem chorou sentiu o conforto do teu abraço.
E ADEUS, deixei para anotar no meu dicionário pessoal no dia da minha morte, tenho ainda tantas palavras para anotar nele...
BEIJOS.
Re: Adeus não... até breve, pode ser? Resp. A Avalyra
É... Ana, minha boa amiga.
há momentos na nossa vida que
se tornam memoráveis e marcantes.
São como um pedaço de céu que guardamos
para o que resta das nossas vidas.
Uma pessoa genial e amiga como tu, compreende sim,
a carga de emoção que este texto me trouxe quando o
escrevi.
Entre nós haverá sempre um "até já..." porque é
assim que se tratam os amigos.
te amo, amiga, de coração.
Beijos
Re: Adeus não... até breve, pode ser? Resp. A Avalyra
Eu também amiga, eu também...
Os marikari tem um expressão para as palavras se chama KOTODAMA- O Espírito das palavras. Acreditam eles que em cada palavra há uma energia com o poder de materializar o sentido das mesmas. Portanto eles falam pouco e pensam muito antes de falar, assim as palavras tem mais poder de existirem...
Beijos cara amiga. Com amor
ANA LAURA
Re: Adeus não... até breve, pode ser? Resp. A Avalyra
Analyra,
eis porque é sempre com enorme prazer que
dialogo contigo. As saudades que eu tenho
das nossas longas conversas sobre cultura,
poesia, etc.
Beijo, caçula, e trata de ti, valeu?
Vóny Ferreira
apsferreira
Fico imensamente sensibilizada com as suas palavras.
Ficarei sim, jamais porei isso de novo em causa, porque este é o site da fraternidade e concórdia.
Um grande abraço
Vóny Ferreira
Inês,
teimo em chamar-te pelo teu nome próprio que é lindíssimo. Nunca me canso de destacar a enormidade e sensibilidade dos teus escritos e da empatia que
inspiras a quem te segue.
Um beijo para ti e muito obrigada por tudo.
Vóny Ferreira
Re: Adeus não... até breve, pode ser?
Vóny,
Gosto de ver quando as pessoas se permitem viver no fluxo da vida, um fluxo como o do mar que avança, recua, há dias em que a maré é alta, outros dias, baixa, muito baixa, há os dias de ressaca, de calmaria...Assim, minha amiga, somos nós. E rever uma atitude é sempre dar um passo à frente.
O texto é lindo, como tudo o que escreves.
Um grande beijo,
Lila.