Suplica Nada…

Caído,
Derrubado,
No chão duro,
Uma imagem…
Numa folha cinzenta,
Um retrato desistido.

Calçada negra,
Cheia de nãos,
As pedras que não erguem
Braços que não cantam,
E mãos…
Que no chão adormentam.

Uma rua...
Por ele desabitada,
Por um chapéu habitada.
E geme o chapéu,
Nada…
Geme nada…

E o olhar…
Que vive no chão,
Goteja, goteja, goteja…
Laivos de mudez,
Incessante gritar de silêncio,
A voz trajada de nudez,
Que ensurdece,
Que cala o timbre,
Que não obedece,
A qual mudo silêncio?
Um esmolar sem pedir.

Pedro Martins – 2010