Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético
BRAMANISMO – a maioria classifica o Bramanismo como Religião. Como uma exótica, pitoresca, ou primitiva forma de louvar a Deus, ou aos deuses.
Essa concepção errônea não difere de tantas outras que acontecem quando se analisa aspectos de outra cultura. É o tolo fruto da prepotência e ignorância do Ocidente, formado, principalmente, por indivíduos treinados em se contentarem com o superficial, com o material, e a não avançarem além do que pode ser percebido pelas experiências empíricas (que estuda os fenômenos usando os Sentidos: tato, paladar, audição, visão, olfato) ou práticas.
Porém, aqueles se disponham a estudar o assunto sem as limitações coercitivas, em nome do “bom senso”, que costumam ser assacadas contra tais pesquisas, descobrem de imediato que o Bramanismo “é uma cópia do Cristianismo” (sic). Ao avançar em seus estudos, logo o Indivíduo perceberá que é justamente o contrário, ou seja, o Bramanismo é muito mais antigo que o Judaísmo/Cristianismo e que são estes que, na verdade, são as meras cópias, bem ou mal adaptadas. Prosseguindo em seu avanço, o estudioso verá que além das Religiões, a Filosofia Ocidental (oriunda da grega), com suas inúmeras variações, também bebeu naquela fonte, a qual, por licença literária, pode ser identificada com a nascente do Rio Ganges.
E de fato, o Bramanismo, que é mais bem identificado como Hinduísmo, apresenta em seu conjunto de afirmativas, negativas, doutrinas, teses, antíteses, sínteses toda a base em que se alicerça o Saber Humano. Para alguns, mais puristas, a pesquisa avançará até a religiosidade africana que para eles é anterior à hindu, mas como é um assunto sujeito a controvérsias, aqui, não aludiremos à questão. Claro que dessa base, surgiram roupagens diversas, mas o corpo que recobrem é o mesmo. E essa imagem de corpo não é aleatória, pois o Hinduísmo traz em sua Essência a formação de um organismo que trabalha harmonicamente para que todos os ciclos naturais se completem. Assim, têm-se as seguintes teses básicas:
1. Existe um SER SUPREMO chamado BRAHMAN.
2. Abaixo dele, está a TRIMURTI, ou a trinca de deuses que são responsáveis por esse Universo que habitamos. A saber:
2.1 VISHNU – que recebe a “Ordem” de BRAHMAN para que (o) Universo (s) seja criado. Cabe a ele “planejar o empreendimento”, suas Leis, regras etc. Grosso modo, seria o arquiteto.
2.2 BRAHMA – homônimo do SER SUPREMO, não deve ser confundido com o mesmo. É o “Demiurgo” citado por PLATÃO. Compete-lhe “Criar” materialmente, fisicamente o (s) Universo (s).
2.3 SHIVA – o deus que “destrói” o (s) Universo (s) físico, material, quando é chegado o momento estipulado pelo SER SUPREMO BRAHMAN.
3. Abaixo da TRIMURTI estão os “deuses menores” (ou os Santos do Catolicismo, os Golens do Judaísmo ou os Gins, do Maometismo) que interferem na vida do Homem, fiscalizando suas ações, punindo-os, recompensando-os etc. Como exemplo desses, tem-se os AVATARES (=encarnações) de VISHNU que através de KRISHNA atua diretamente sobre o Mundo. Ou GANESH, filho de SHIVA, que também é presente na vida humana, assim como HANUMAM, o deus-macaco, ou RAMA, ou AGNI etc.
4. Seguindo, então, a tendência de hierarquizar Seres, Fatos, Acontecimentos, a Humanidade é dividida em CASTAS, ou Classes, da mesma maneira que são diferenciadas as Estrelas, As formas de vida (a beleza e a liberdade de uma águia em contraste com a fealdade e baixa mobilidade de um verme rastejante, por exemplo), as Plantas etc. Nascer em uma CASTA baixa não é, necessariamente, um mal para o crente Hindu, pois ele a vê como a oportunidade de pagar pelos erros que cometeu em vidas passadas. O que para nós, é covardia ou vagabundagem, para ele é elevação.
5. Elevação porque para o Hindu a vida não termina com o corpo físico; ao contrário, ela prossegue indefinidamente através da Alma Individual (a qual é parte da ALMA DO MUNDO, ou seja, de BRAHMAN, que se desprendeu em certo momento e que a ELE voltará quando estiver purificada a ponto de se saber parte do TODO). E para que tal elevação ocorra é preciso que essa Alma Individual nasça e morra tantas vezes quanto forem necessárias para que se aperfeiçoe. Processo chamado de “Samsara” ou “Transmigração”.
Nessa breve exposição que fizemos acima, além do cerne da Doutrina Hindu, pode-se observar também a matriz dos Pensamentos Filosóficos dos PRÉ SOCRÁTICOS, de SÓCRATES, de PLATÃO, de HEGEL, de SCHOPENHAUER, de SPINOZA e de todos ou outros filósofos ocidentais, ressalvado, é obvio, as contribuições (?) que cada um deu. Além da Filosofia, também se vê a matriz da Religião Kardecista (filosofia para seus adeptos), do Budismo (que é uma religião para seus adeptos) e de várias outras que aqui seria desnecessário citar.
O Bramanismo no Ocidente tem seus seguidores entre aqueles que genuinamente desejam uma resposta às suas Dúvidas Existenciais e não se contentam com o Saber raso e apequenado que os dogmas oferecem. Também é seguido por aqueles que julgam ser de “bom tom” e/ou prova de “inteligência” e de “desapego material” praticar, ou se dizer praticante, de uma filosofia que ainda é encoberta pela névoa que o orgulho Ocidental busca espalhar para não se deparar com a “Verdade Última” de que somos só outra espécie que habita o (s) Universo (s). Só outra, sem qualquer fato que a torne a “Escolhida”.
Por fim, tomo a liberdade de sugerir àquelas e àqueles que se interessarem em saber com mais detalhes os fatos do Bramanismo, o livro de minha autoria intitulado de “Deusas e Deuses do Hinduísmo, Dicionário Sintético” que poderá ser adquirido nos seguintes endereços eletrônicos:
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