Drica
Ola! Sejam todos bem vindos a dor e a tristeza de minha vida.
Prazer meu nome é Andréia, mas podem me chamar Drica todos me chamam assim.
Nasci não sei onde, vinda não sei de onde e vivi nem sei porque.
Me lembro pouco de minha infância, fui em um orfanato largada logo que nascera pelo menos foi o que me disseram, daquele tempo só lembro da dor e de minha tristeza, nunca fora como as outras crianças nunca tive alegria da fonte que os outros tiveram, me lembro sempre andar sozinha sempre beirando ao abismo de meu ser durante toda minha tormentosa infância.
Aos oito anos fui adotada por um rico casal de origem nipônica, eles possuíam uma linda pousada no litoral, cresci neste mundo estranho tendo tudo de bens materiais, mas sem nunca ter tido amor, meu pai sempre ocupado nunca tempo o teve de me cuidar, minha mãe nunca me aceitou como se fora dela filha pois nunca quererá adotar a uma criança.
Na fina escola particular donde estudei sempre fora discriminada, tratada como bastarda, sempre eu fora uma criança triste, sem amigos, quase sempre isolada vendo meu destino sem norte, sendo pelas sombras absorvida dia a dia pouco aos pouco.
Quando ao Ensino Médio eu terminara, quis mudar, quis tentar ser diferente mudar a vida ser mais normal, briguei com meus pais fui para o sul tirar facu, de Veterinária, porque Veterinária bem a única coisa que realmente tive em minha infância de boa lembrança foi meu cachorro Fênix, ele fora minha única companhia durante anos de tétricas noites em soliguidão. Por isso acho que esta seria a mim a melhor escolha já que nunca conseguira me dar bem com as pessoas pelo menos os animais me entendiam, Fênix era como eu temerário, quieto e triste pequeno sempre se escondendo pelo cantos nem latir latia mas me fazia companhia sempre que estava triste ele me vinha se rosando na minha perna, com uma carinha de pidão essa creio fora a melhor lembrança de minha infância do meu único real amigo que dessa o tive.
Mas na facu nada mudou, não me inturmei com o pessoal, sempre sozinha comecei a sair, muita balada muita bebida, muito garoto muito boyzinho, doce ilusão de ser querida ser desejada já que o amor nunca me encontrara, quase no fim da minha facu encontrei alguém me apaixonei desta vez achei que seria diferente daria em fim pelo menos uma vês certo pra mim. Mas me iludi ele me traiu fugiu com outra e me amargurei acabou meu curso voltei pra casa, mas a pousada era muito isolada era triste no inverno tinha movimento só na época de verão de carnaval chorei pra papai me deixou trabalhar fora.
Agora era adulta independente, fui trabalhar na capital tanta gente num vai e vem quem sabe agora eu pudesse realmente me encontrar, pura ilusão realmente conheci muita gente na capital mas sei lá porque cidade grande é sempre assim, muita correria nem sei porque e nem se vê quem se esta por perto nunca soube o nome dos meus vizinhos de apartamento passou o tempo e conhecia só o porteiro Cassio e minha secretaria luiza do consultório. Oh! Triste sina de ser sozinha. Na capital consegui ser mais sozinha ainda em meio a multidão que no interior onde morava quase isolada só com meus pais.
Então veio a tragédia meus pais morreram de acidente o carro deles caiu em um desfiladeiro no Natal estavam vindo me visitar pois eu tive curso ate a véspera do natal naquele ano e não pude ir pro litoral naquele feriado era pra ser uma surpresa pra mim. Então larguei tudo voltei ao litoral assumi a pousada vaguei sozinha por muitos anos, inócua demente, absorta a minha lamentação e um mar de ilusões que tornou-se meu viver, entregue a tristeza passava as noites de bar em bar, bebendo ate cair saindo com tudo que é boyzinho que aparecia, virei a escoria não tinha mais pudor nem amor próprio. Anos e anos sem ter alguém nem pra me dar parabéns no meu aniversário se pode fazer uma festa sem dinheiro mas sem amigos não.
Hoje é meu aniversário estranhamente acordei alegre é um belo dia lá fora um sol radiante despertei com o toque do sol em meu rosto. É feriado aqui em minha cidade por isso hoje estou sozinha na pousada. Abri as cortinas de cetim no saguão de entrada e avistei ao mar tão calmo e límpido, resolvi banhar-me foi tão bom senti limpar-me a alma me senti tão leve, tão liberta mas estranho não me lembrara de como eu voltei a pousada naquele noite lembro-me da boate estava lotada bebi horrores, sai quase ao amanhecer me lembro entrar no carro mas do resto...
Bem deixa pra lá está tão bom hoje o dia que que importa foi só mais um porre e nem com ressaca eu fiquei. Voltei pra pousada avistei tantos carros, tanta gente que a anos não via. Fiquei alegre será que vieram me dar uma festa surpresa corri ate a entrada da cozinha da pousada.
Gritei!
- Ola André;
- Ola Fabio;
- Nossa a quanto tempo tia Eulália.
Mas estranho ninguém sequer me olhou parecia que eu estava invisível. Todos estavam se dirigindo a capelinha da pousada, antigamente a pousada tinha sido uma casa de Senhor de Engenho com muitos escravos ainda tinha o moinho onde era feito o açúcar pelos escravos a senzala e a capela sempre mantivemos se sabe turista gosta de coisa antiga bem voltando ao evento chegando a capelinha fiquei abismada por ver tanta gente muitos chorando entrei na porta todos sentados e vi minha secretaria a discursar.
- Que posso dizer da Drica, sempre foi uma alma boa, sempre preferiu se sacrificar a magoar alguém, é o ombro pra onde corria nas noites de tristeza e a pessoa que sempre esteve lá quando precisei, hoje digo com toda a certeza que te amo Drica você é sempre será a melhor amiga que tive.
Meus olhos encheram-se de lágrimas, corri para dar um abraço na Luiza, quando subi no Altar avistei um corpo.
Gritei!
-Nossa é um velório.
Levantei ao véu que cobria ao rosto do defunto. E fiquei paralisada vendo que a morta era eu.
Passei o dia ali olvido as declarações de meus ex-colegas de escola e profissão. A minha cozinheira da pensão sendo interrogada pela policia, dizia o investigador passando o laudo da morte.
- A Andréia Fuchiru, morrera após acidente de trânsito cito ao quilometro 30 da rodovia Almir Pasquali por volta das 6:50 Hs da manhã de Sábado dia 27/01/2010 sozinha e segundo o laudo com vestígios de embriagues provável causa do acidente dormira ao volante.
Acompanhei ao meu enterro numa linda cerimônia ali mesmo na pousada eu fora enterrada de frente ao mar junto aos meus pais.
No cortejo fúnebre haviam mais de 300 pessoas via a sinceridade da tristeza por minha morte nos olhos delas. Enfim senti que tinha deixado algo de valor em meu legado terreno, nunca imaginei que faria falta pra alguém ou que tinha tanta gente que se importa-se comigo.
Agora posso enfim partir em paz, dar alento e descanso a minha alma.
Felix Ribas
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