Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético
JANSENISMO – Corrente de Pensamento mais Teológica (voltada para o estudo das Religiões) que Filosófica, teve origem nas teses defendidas por CORNÉLIO JANSÊNIO (1585/1638, bispo Católico, Irlanda) que as expôs em sua obra “AUGUSTINUS”, publicada postumamente em 1640.
Pelo titulo do livro percebe-se de imediato que JANSÊNIO era adepto fervoroso dos ensinamentos de Santo Agostinho (354/430, na Argélia atual) e que, como seu ídolo, afirmava que o Homem NÃO tem “Livre Arbítrio” e que a “Salvação” de sua alma dependia única e exclusivamente dos desígnios divinos. Era um privilégio concedido a alguns, antes mesmo de seus nascimentos (sic), pouco importando se sua vida fosse virtuosa ou não. Já estaria pré-definido o seu Destino. (Veja o tópico dedicado a Santo Agostinho e ao Agostianismo, no inicio desse Dicionário, para melhor compreensão dessa tese).
É uma posição difícil de arregimentar seguidores, pois se não houver uma eficiente e esclarecedora exposição das afirmativas de Agostinho, restará a idéia errada de que Deus seria um déspota, que agiria movido por sentimentos mesquinhos e arbitrários, senão injustos. Paralelamente e conseqüentemente também passaria a vigorar, se tal afirmativa fosse aceita por todos, uma desmotivação geral para a prática das boas ações e até mesmo a Civilização poderia correr riscos, vez que em se suprimindo uma promessa de premio futuro, elimina-se qualquer esperança que o Individuo alimente e a partir daí ele passa a cuidar apenas de seus interesses mais egoístas.
Acarretaria, certamente, um abandono quase total das Virtudes, pois não haveria motivos para se resignar ao sofrimento presente, haja vista, a inexistência de qualquer compensação futura.
Perguntariam os Homens comuns: ora, se a “Salvação” é um “jogo de cartas marcadas” por que sofrer com as limitações que a generosidade impõe?
Contudo, apesar de não ter esse apelo que é comum nas Religiões (recompensa futura, para compensar o sofrimento do momento) o Jansenismo floresceu com algum vigor nos séculos XVII e XVIII, principalmente na França onde ficava seu centro geográfico, no Convento de PORT-ROYAL, em Paris. Ali, instalaram-se alguns de seus defensores mais ardorosos como ARNAUD, PIERRE NICOLE E BLAISE PASCAL.
Além da polemica visão sobre a “Salvação”, os Jansenistas enfrentavam criticas relacionadas à sua Moral, extremamente severa. A junção, pois, dessas duas vertentes tornaram-nos alvos de constantes ataques por parte da Ordem dos Jesuítas e do próprio Papa que os condenou em diversas Bulas (ou códigos) Papais em que os acusava de serem hereges.
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