Filosofia sem Mistério - Dicionário Sintéticoio
MECANICISMO/MECANISMO – do Latim Tardio “MECHANISMA” = invenção engenhosa, máquina.
Em sentido mais estreito, o Mecanicismo é a doutrina que apareceu no começo do século XVII e que afirmava (ou postulava) que todos os fatos, acontecimentos ou ações (ou atos) deveriam ser explicáveis, ao cabo, pelas “Leis” da mecânica que explicitam o Movimento da Matéria.
Todos esses atos, fatos, acontecimentos, objetos e Seres, segundo a doutrina, são considerados “Efeitos (ou resultado)” de uma “Causa (ou motivo)” e, também, a “Causa” que gerará um novo “Efeito”. Tudo, claro, seguindo as “Leis da Mecânica” que NEWTON apresentou.
Nessa concepção, embora materialista, admitia-se a existência de algum “Deus” que além de ter sido o “iniciador” do Movimento contínuo, era “quem” assegurava sua continuidade dentro dos padrões mecânicos. No dizer de Aristóteles, Deus seria o “Primeiro Motor1”. Em relação ao Homem, o raciocínio era igual: admitia-se a existência de alguma “alma” que antecedia ao corpo físico e que o dirigia segundo as regras da mecânica.
Durante a Idade Média a Escolástica2, em consonância com a visão de Aristóteles (384/322, Macedônia), afirmava que o Universo (com o Homem incluído) seria um “Todo” orgânico, ou mal comparando, uma espécie de “corpo físico” da “alma” que se chama de Deus.
Com a chegada do “Pensamento Moderno”, principalmente com Galileu (1564/1642, Itália), Descartes (1596/1650, França) e Isaac Newton (1642/1727, Inglaterra), a idéia de que a Natureza seria um “Todo” orgânico foi substituída pela tese de que era, na verdade, um “Máquina”; ou, então, um “Espaço Geometrizado; isto é: regulado pelas Leis da geometria, ou da Matemática”, onde cada fato ou ação (ou cada relação entre Objetos e Seres, ou entre Objetos e Objetos, ou entre Seres e Seres) é rigidamente regulado ou governado pela “Lei da Causalidade (Causa e Efeito). Desse modo, tudo acontece porque uma “Causa (ou motivo)” assim determinou; e tudo que acontece produzirá um “Efeito (ou uma conseqüência, um produto, um resultado)”. Não existe, portanto, nenhum improviso e nada é aleatório. Tudo foi minuciosamente planejado, é racional e, portanto, explicável mediante o uso da “Lei do Movimento”. E dessa regra o Homem não escapa, pois em si acontece o mesmo. Seu corpo é uma “máquina”. Ou conforme definiu Descartes: “suponho que o Corpo não é senão uma estátua ou uma máquina ... todas as funções que atribuo a essa máquina ... seguem-se naturalmente da pura disposição de seus órgãos, da mesma forma que ocorre ... com os movimentos do relógio”.
O Mecanicismo, enquanto Teoria, choca-se com o Vitalismo* na medida em que este, imagina o Homem como algo que ultrapassa um simples agrupamento de átomos, células, tecidos e órgãos, que executa certos movimentos sem nem mesmo saber (ou se indagar) por quê? Atualmente o Mecanicismo sobrevive como apêndice do Materialismo, mas é cada vez mais sobrepujado pela evidência de outras forças além da Mecânica.
1) Primeiro Motor – expressão criada por Aristóteles e retomada por São Thomaz de Aquino. Significa a “Força” ou a “Energia” (que os crentes chamam de Deus) que deu inicio ao Movimento Perpétuo do Universo. É a “Causa” de todas as mudanças, mas é Imutável por ser “Ato Puro”; isto é, segundo Aristóteles, é a “Potência” que já se concretizou. Por exemplo: uma semente de árvore é “Potência”, porque irá se transformar na “Árvore”, que é “Ato”. Deus seria “Ato Puro” porque não necessitou ter sido uma “Potencia” anterior. Desde sempre Ele é um Ato concretizado; ao contrário, claro, de todo o restante que de “Potência (ou Potencial para ser)” passa em certo momento a ser algo concreto, físico: o “Ato”.
2) Escolástica: Corrente Filosófica que surgiu a partir da Patrística, a filosofia dos Padres da primitiva Igreja Católica. Seu principal objetivo era conciliar os dogmas da Fé com o Raciocínio ou Razão.
Submited by
Prosas :
- Login to post comments
- 1535 reads
other contents of fabiovillela
Topic | Title | Replies | Views | Last Post | Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Love | Ausentes | 0 | 1.739 | 01/05/2015 - 00:04 | Portuguese | |
Poesia/Love | O Gim e o Adeus (2015) | 0 | 2.398 | 12/31/2014 - 14:02 | Portuguese | |
Prosas/Others | Descartes e o Racionalismo - Parte XII - A Metafísica | 0 | 3.568 | 12/29/2014 - 19:06 | Portuguese | |
Poesia/General | Gauche | 0 | 2.014 | 12/26/2014 - 18:50 | Portuguese | |
Prosas/Others | Descartes e o Racionalismo - Parte XI - O Método | 0 | 3.063 | 12/24/2014 - 20:01 | Portuguese | |
Prosas/Others | Descartes e o Racionalismo - Parte X - A Geometria Analitica | 0 | 4.338 | 12/24/2014 - 19:57 | Portuguese | |
Poesia/Love | Quietude | 0 | 1.287 | 12/21/2014 - 21:03 | Portuguese | |
Prosas/Others | Descartes e o Racionalismo - Parte IX - O primeiro filósofo moderno - Cogito Ergo Sun | 0 | 3.901 | 12/20/2014 - 20:29 | Portuguese | |
Prosas/Others | Descartes e o Racionalismo - Parte VIII - A época e o ideário básico | 0 | 3.701 | 12/20/2014 - 20:25 | Portuguese | |
Prosas/Contos | Farol de Xenon | 0 | 2.811 | 12/20/2014 - 00:40 | Portuguese | |
Prosas/Others | Descartes e o Racionalismo - Parte VII - Notas Biográficas | 0 | 4.285 | 12/19/2014 - 12:56 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Sombras | 0 | 2.539 | 12/17/2014 - 23:21 | Portuguese | |
Prosas/Others | Descartes e o Racionalismo - Parte VI - Preâmbulo e índice de obras | 0 | 3.461 | 12/17/2014 - 13:07 | Portuguese | |
Prosas/Drama | Nini e a Valsa | 0 | 4.764 | 12/17/2014 - 00:56 | Portuguese | |
Poesia/Love | As brisas e as rendas | 0 | 2.019 | 12/15/2014 - 21:08 | Portuguese | |
Prosas/Others | Descartes e o Racionalismo - os Tipos de Razão Filosófica | 0 | 3.328 | 12/13/2014 - 18:53 | Portuguese | |
Poesia/Love | Desencontros | 0 | 2.206 | 12/10/2014 - 19:41 | Portuguese | |
Poesia/Love | Navegante | 0 | 2.187 | 12/05/2014 - 00:21 | Portuguese | |
Poesia/Love | Evoé | 0 | 2.349 | 12/03/2014 - 00:17 | Portuguese | |
Prosas/Others | Descartes e o Racionalismo - Parte IV - o Racionalismo | 0 | 3.235 | 12/01/2014 - 14:21 | Portuguese | |
Poesia/Love | A Face | 0 | 1.301 | 11/29/2014 - 23:20 | Portuguese | |
Prosas/Others | Descartes e o Racionalismo - Parte III - o Racionalismo - continuação | 0 | 6.059 | 11/27/2014 - 14:33 | Portuguese | |
Prosas/Others | Descartes e o Racionalismo - Parte II - o Racionalismo | 0 | 2.416 | 11/26/2014 - 14:03 | Portuguese | |
Poesia/Love | A Dança | 0 | 967 | 11/23/2014 - 18:28 | Portuguese | |
Prosas/Others | Descartes e o Racionalismo - Preâmbulo (Apêndice: a Razão) | 0 | 3.131 | 11/22/2014 - 20:56 | Portuguese |
Add comment