O palhaço escuro e montanhoso

O palhaço escuro e montanhoso
não tem amigos com nome próprio
O palhaço escuro e montanhoso
narra uma síntese deprimida a cada refeição solitária

o destino não o tem ouvido.
Não como a sua mãe havia sonhado, muitos sonhos atrás, apesar de não ser a sua mãe verdadeira.
Criou-o, assim, palhaço…

Palhaço escuro e montanhoso…

No fio instável duma gargalhada, neste domingo vulgar, povoam-lhe silêncios em demasia…

É uma aldeia vazia no cume de algures, enjaulada por morrer, que a noite lhe traz num gasto frenesim.

Aquilo que foi um dia, hoje tom sépia da memória, ribalta breve e insegura num circo de anjos e nenúfares mal o aquece…

Mas ele gostava daquelas criaturas trágicas e dos seus contos, hoje são fantasmas em todo e cada reflexo, vizinhos assombrados entre a contrição e o fim encaixotado…