Cancioneiro - Foi um momento

Foi um momento

Foi um momento
O em que pousaste
Sobre o meu braço,
Num movimento
Mais de cansaço
Que pensamento,
A tua mão
E a retiraste.
Senti ou não?

Não sei. Mas lembro
E sinto ainda
Qualquer memória
Fixa e corpórea
Onde pousaste
A mão que teve
Qualquer sentido
Incompreendido.
Mas tão de leve!...

Tudo isto é nada,
Mas numa estrada
Como é a vida
Há muita coisa
Incompreendida...

Sei eu se quando
A tua mão
Senti pousando
‘Sobre o meu braço,
E um pouco, um pouco,
No coração,
Não houve um ritmo
Novo no espaço?
Como se tu,
Sem o querer,
Em mim tocasses
Para dizer
Qualquer mistério,
Súbito e etéreo,
Que nem soubesses
Que tinha ser.

Assim a brisa
Nos ramos diz
Sem o saber
Uma imprecisa
Coisa feliz.

Fonte: http:// www.ciberfil.hpg.ig.com.br

Submited by

Thursday, October 1, 2009 - 17:22

Poesia Consagrada :

No votes yet

FernandoPessoa

FernandoPessoa's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 13 years 45 weeks ago
Joined: 12/29/2008
Posts:
Points: 745

Add comment

Login to post comments

other contents of FernandoPessoa

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Deixa-me ouvir o que não ouço... 0 634 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Deixei atrás os erros do que fui 0 869 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Deixem-me o sono ! Sei que é já manhã 0 623 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Deixei de ser aquele que esperava 0 510 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - As lentas nuvens fazem sono 0 829 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - As nuvens são sombrias 0 757 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Como uma voz de fonte que cessasse 0 855 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Basta Pensar em Sentir 0 662 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Bem, hoje que estou só e posso ver 0 528 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Bóiam farrapos de sombra 0 832 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Brincava a criança 0 1.461 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Cai chuva do céu cinzento 0 506 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Cai chuva. É noite. Uma pequena brisa 0 655 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Caminho a teu lado mudo 0 918 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Cansado até os deuses que não são 0 1.522 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Cansa ser, sentir dói, pensar destruir. 0 806 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Canta Onde Nada Existe 0 744 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - Ceifeira 0 833 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General EPITHALAMIUM XVII 0 701 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General EPITHALAMIUM XVIII 0 689 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General EPITHALAMIUM XIX 0 843 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General EPITHALAMIUM XX 0 615 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General EPITHALAMIUM XXI 0 562 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General EPITHALAMIUM ANTINOUS 0 682 11/19/2010 - 16:54 Portuguese
Poesia Consagrada/General Poesias Inéditas - A pálida luz da manhã de inverno 0 539 11/19/2010 - 16:54 Portuguese