Hoje não terei medo!

Não me lembro
Do primeiro dia em que falei Contigo,
Nem sequer sei como foi…
Não sei o que Te disse,
Não sei se ouvi a Tua resposta…
Não sei sequer porque o fiz…

Não me lembro
Daquilo que senti
Quando pela primeira vez
A Tua voz ouvi…
Não sei sequer
Se percebi…

Mas lembro-me
Da primeira vez
Em que senti o teu Amor…
Aquele amor
Que há já tanto tempo me davas,
Mas só naquele dia
Eu quis receber…

Lembro-me que eu chorava,
Recordo tão bem…
Era um daqueles dias
De plena adolescência,
Em que uma tempestade,
Causada por uma gota de água,
Estragava a minha vida
E me fazia crer
Que o mundo acabava ali,
Naquele momento…

Sussurrei algo baixinho,
Entre os soluços do meu choro calado…
Tive medo quando chamei por Ti,
Achei que estarias demasiado ocupado
Para ouvir uma miúda
Num pequeno desespero…

Recordo-me que algo aconteceu
Mas só eu dei por isso…
As minhas lágrimas secaram
E imagens de coisas boas
Da minha pequena vida
Surgiram na minha mente…
Não entendia o porquê
De pensar em coisas boas
Naquele dia,
Naquele momento…
Afinal de contas
O mundo estava a acabar
Para mim…

Mas era mais forte que eu,
E comecei a sorrir,
E por entre a humidade
Que havia na minha face,
Uma gargalhada soltei…

Foi naquele dia…
Lembro-me bem…
Foi naquele dia
Que descobri o teu Amor,
Descobri que eras Tu o Amor…

Confiei em Ti,
Entreguei ali,
Nas Tuas mãos
Toda a minha vida…
Sabia que tomarias
Bem conta dela…

E depois…
Já foram tantas as vezes
Que Te falei…
As que contigo Chorei,
As que contigo ri,
As que contigo amei,
Aquelas em que sofri…
Todas aquelas
Em que nas tuas mãos
Me entreguei…
Tu olhas-me
E logo eu sorrio…

Só Tu conheces
As lágrimas
Que em noites longas
Correm pela minha face
Desde a janela do meu quarto
Até ao chão cinzento
De cimento,
Velho e pisado do meu quintal…

Só Tu conheces
A plenitude,
A pureza,
A vida do meu sorriso…

Só Tu conheces
Todos os meus passos,
Os certos e os errados…

Só Tu,
Com o teu Amor
Que és Tu mesmo,
Compreende e aceita
Os meus defeitos,
E me consegues Amar assim...

Hoje,
Talvez mais uma lágrima
Corra pela minha face…
Esta, porém,
Não chegará aquele chão,
Velho do meu quintal…
Pois Tu estarás a meio caminho
E a apanharás com a Tua mão…
A passarás pela tua própria face
E com um olhar e um sorriso
Que só eu sentirei
Me dirás
Com uma voz
Que só eu ouvirei:
“estou a teu lado,
tudo ficará bem!”
E eu confiarei
“Ainda que mil outras vozes,
corram muito mais velozes
para me fazer parar!”

Contigo,
Confiante eu Digo
Que Hoje não terei medo!

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Friday, May 30, 2008 - 02:56

Poesia :

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irina

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Comments

Henrique's picture

Re: Hoje não terei medo!

Um texto com muita arte poética, razão e sentimento!!!

:-)

JillyFall's picture

Re: Hoje não terei medo!

ja passei pelo mesmo. é na entrega que está a força.
o poema é lindo, e a mensagem, maravilhosa...
um beijo

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