Filho Adotivo / Tristeza do Jeca (Renato Teixeira & Sérgio Reis)
Filho Adotivo
Sérgio Reis
Composição: ARTHUR MOREIRA/SEBASTIÃO FERREIRA DA SILVA
Com sacrifício
Eu criei meus sete filhos
Do meu sangue eram seis
E um peguei com quase um mês
Fui viajante
Fui roceiro, fui andante
E prá alimentar meus filhos
Não comi prá mais de vez...
Sete crianças
Sete bocas inocentes
Muito pobres, mas contentes
Não deixei nada faltar
Foram crescendo
Foi ficando mais difícil
Trabalhei de sol a sol
Mas eles tinham que estudar...
Meu sofrimento
Ah! meu Deus, valeu a pena
Quantas lágrimas chorei
Mas tudo foi com muito amor
Sete diplomas
Sendo seis muito importantes
Que as custas de uma enxada
Conseguiram ser doutor...
Hoje estou velho
Meus cabelos branqueados
O meu corpo está surrado
Minhas mãos nem mexem mais
Uso bengala
Sei que dou muito trabalho
Sei que às vezes atrapalho
Meus filhos até demais...
Passou o tempo
E eu fiquei muito doente
Hoje vivo num asilo
E só um filho vem me ver
Esse meu filho
Coitadinho, muito honesto
Vive apenas do trabalho
Que arranjou para viver...
Mas Deus é grande
Vai ouvir as minhas preces
Esse meu filho querido
Vai vencer, eu sei que vai
Faz muito tempo
Que não vejo os outros filhos
Sei que eles estão bem
Não precisam mais do pai...
Um belo dia
Me sentindo abandonado
Ouvi uma voz bem do meu lado
Pai eu vim prá te buscar
Arrume as malas
Vem comigo pois venci
Comprei casa e tenho esposa
E o seu neto vai chegar...
De alegria eu chorei
E olhei pr'o céu
Obrigado meu Senhor
A recompensa já chegou
Meu Deus proteja
Os meus seis filhos queridos
Mas foi meu filho adotivo
Que a este velho amparou...
******************************************************************************
Tristeza do Jeca
Sérgio Reis
Composição: Angelino de Oliveira
Nestes versos tão singelos
Minha bela, meu amor
Prá você quero contar
O meu sofrer e a minha dor
Sou igual o sabiá
Quando canta é só tristeza
Desde o galho onde está
Nesta viola canto e gemo de verdade
Cada toada representa uma saudade
Eu nasci naquela serra
Num ranchinho beira chão
Todo cheio de buraco
Onde a lua faz clarão
Quando chega a madrugada
Lá no mato a passarada
Principia o barulhão
Nesta viola, canto e gemo de verdade
Cada toada representa uma saudade
Lá no mato tudo é triste
Veja o geito de falar
Pois o Jeca quando canta
Dá vontade de chorar
O choro que vai caindo
Devagar vai se sumindo
Como as àguas vão pro mar
Submited by
Videos :
- Login to post comments
- 12955 reads
other contents of AjAraujo
Topic | Title | Replies | Views | Last Post | Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Intervention | Orfeu Rebelde (Miguel Torga) | 0 | 5.142 | 02/22/2012 - 11:57 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Os homens amam a guerra (Affonso Romano de Sant´Anna) | 0 | 1.492 | 01/22/2012 - 11:13 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Eppur si muove [Não se pode calar um homem] (Affonso Romano de Sant´Anna) | 0 | 2.696 | 01/22/2012 - 10:59 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | O Leitor e a Poesia (Affonso Romano de Sant´Anna) | 0 | 9.304 | 01/22/2012 - 10:48 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Um despertar (Octavio Paz) | 0 | 2.164 | 01/21/2012 - 23:14 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Pedra Nativa (Octávio Paz) | 0 | 3.603 | 01/21/2012 - 23:10 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Entre Partir e Ficar (Octávio Paz) | 0 | 2.328 | 01/21/2012 - 23:05 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Fica o não dito por dito (Ferreira Gullar) | 0 | 1.685 | 12/30/2011 - 07:19 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | A propósito do nada (Ferreira Gullar) | 0 | 2.518 | 12/30/2011 - 07:16 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Dentro (Ferreira Gullar) | 0 | 9.826 | 12/30/2011 - 07:12 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | O que a vida quer da gente é Coragem (Guimarães Rosa) | 2 | 2.818 | 12/26/2011 - 20:55 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Adeus, ano velho (Affonso Romano de Sant'Anna) | 0 | 2.964 | 12/26/2011 - 11:17 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Para que serve a vida? | 0 | 2.811 | 12/11/2011 - 00:07 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Natal às Avessas | 0 | 1.381 | 12/11/2011 - 00:03 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | A voz de dentro | 0 | 2.794 | 11/18/2011 - 23:14 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | As partes de mim... | 0 | 2.192 | 11/18/2011 - 23:00 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | Curta a Vida "curta" | 0 | 2.571 | 11/13/2011 - 12:46 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Lobo solitário | 0 | 3.949 | 11/13/2011 - 12:46 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | A solidão na multidão | 0 | 4.384 | 11/13/2011 - 12:43 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | Não permita que ninguém decida por você... Seleção de Pensamentos I-XVI (Carlos Castañeda) | 0 | 6.098 | 11/12/2011 - 11:55 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | Não me prendo a nada... (Carlos Castañeda) | 0 | 2.711 | 11/12/2011 - 11:37 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | Um caminho é só... um caminho (Carlos Castañeda) | 0 | 2.325 | 11/12/2011 - 11:35 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Procura da Poesia (Carlos Drummond de Andrade) | 0 | 2.143 | 11/01/2011 - 12:04 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Idade Madura (Carlos Drummond de Andrade) | 0 | 2.504 | 11/01/2011 - 12:02 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Nosso Tempo (Carlos Drummond de Andrade) | 0 | 4.064 | 11/01/2011 - 12:00 | Portuguese |
Add comment