Sem título(21)
O dente da dentada roda
O chip ultraleve actual intemporal
A dentadura que morde na cabeça
A cabeça abandonada
Desleixada
Globalmente descompacta
E bem pensante
O degelo na praia tropical
A cruz
O crescente
A estrela de seis vértices
Os templos
As máquinas
O soft-pastor
A moda
O modo do medo
Nos pecados e nos costumes
No campo
No shoping
Sem roupa e sem vergonha
Sou naturista
Teclo na dureza tecnológica
Deambulo em espaços sem barreiras
Nos muros de Berlim e Jerusalém
Em qualquer barreira mental
Em todas as cegueiras dos corações
Grafito o meu protesto
Entre tanta decência estou a mais
É bom de ver tanta bondade
Sou diferente
Sou menor
Eu já não presto
A bomba do produto em excesso
A fome ao quadrado
Em nosso círculo
O desfazer da coisa necessária
O olho no umbigo
O mundo com cinema no sofá
Fora de nós
São todos estrangeiros
Chanel e Gaultier
E outros cheiros
Trivialidades
Pecados
Ousadias
As morais convenientes
Sobrevivências
E o palavrão na hora certa
Como tabefe
Aos cus sentados
Nas barrigas ronronantes
O safanão na casa adormecida
Gritar na vossa vida entristecida
Eu que me deprimo de riso ululante
E na panela cozinho
A palavra fumegante
Rebento no prato virtual
Do menu degustativo
Em sexo proibido
Nas vossas consciências empedernidas
A catarse
O alívio
As mentais diarreias
Proliferantes
E todas
Todas
As ideias bem pensantes
Saber viver é que não custa
Assim como um covarde
Sim senhor
O senhor é que sabe
Pois com certeza
Antes a sorte
De não ter sorte na morte
Que ser da sapiência actual
O electrónico basbaque
Digital criatura
Entre as orelhas o vácuo
Lobotomias
O chip pavoneante
O serviçal pedante
De toda a ideia feita obediente
Desejo apenas ver a primitiva máquina
A humana criação
Sem trela
Sem amarra
Sem culpa e sem canduras
A defecar demoradamente
Nos pecados dos vossos templos
Quero saber apenas falar
Do Homem nascido livre
Viajante
Do fogo
Da pedra
Da roda
Da máquina a vapor
Ao vaivém espacial
Especialmente anacrónico
Nos tempos
Nos templos de prisões
A ideia agrilhoada
Em reflexo condicionado
Biotecnológico robot
Célula estaminal
Contradição episcopal
Incendeio de hidrogénio
Os petróleos os dólares os euros
Em fogueira imensa
Cabeças de crude ardendo
E o cheiro da paz mais perto de nós
Veloz em viagem de ficção
Tomo a nave
Tomo as dores do mundo
Tomo o analgésico
E não engulo a vossa dourada pílula
Não recebo a picada por de traz da orelha
E do vosso liofilizado manjar
Não quero nem migalha
Eu quero é devorar a metástase monstruosa
Em ondas de azul-cobalto
Demorar-me
Deleitar-me em longa mastigação
Pedaço a pedaço
Como ciber-sniper
Armado de laser ultramoderno
Destruindo minuciosamente
Neurónios impotentes
Metástases da indiferença
Vou clamando já no planeta por descobrir
Na espera tranquila
Na calma secular
Na ideia serena
Que o Homem há-de descobrir a humanidade
Num tempo a seu tempo
Assim será
Dionísio Dinis
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Poesia :
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