A CAETANO VELOSO

Cae,


"quando você se requebrar, caia por cima de mim, caia por cima de mim, caia por cima de mim". Balança e requebre mas não quebre nunca pois que te quero sempre inteiro, teiro.

Meu nome e Paulo, tenho a idade da hera, que brota e agarra na pedra que que forma o muro da fazenda que foi de minha avó, juventude aberta, campo, rio, lago, flor e muito amor, no imenso que era esse mundo de Deus, adeus.

Te ouço e te vejo como sempre e , verbalmente como sempre tua música, teu som, tua poesia, teu amor, e de tudo isso me alimento e cresço e so' hoje apareço.

De repente me lembro de São Paulo, programa do Agnaldo, bons tempos, e eu do teu lado, apaixonado pela tua cor canela, calado, "como cabe a um menino diante de um deus", a ti apresentado pela Celia. Depois veio o depois e Celia foi pro México com Decalafe e eu fiquei, caminhando sem lenço mas com documento porque tinha medo...

Depois, com a ditadura militar veio Londres, e toda a solidão de tua ausência...eu estava lá mas não sabias, e eu sofria com o que inventaram, tanto amor do lado de cá...prece: te cuida meu filho-irmão pois te careço quero e preciso, e ai que quase morro e corro pra saber mentira a história do hospital (qualquer que seja a tua história ela sera sempre com H). Não havia tuberculose ou beirando a morte, estavas bem vivo e triste, tão triste como a educada Londres, cidade onde, olhando pro céu buscavas um disco voador. E nos te amando ainda que na distancia, meio bolero meio tango.

Depois veio o retornar, o renascer, o rescender, ou transcender em toda maravilha do retorno. Teatro Municipal, batom sabor morango manchando a boca, crescendo o grito, mistificando o mito, e só crescendo mais e mais. Eu sempre la, mesmo quando aqui em New York, me sento e te bebo em um copo do Canecão.

Leio onde falas de João Gilberto. João Gilberto esta para ti como tu estas para mim, como eu estou pra Cristina que esta para a Vera em uma torrente, cadeia infinita de admiração, carinho, respeito, amor.

Hoje sou eu o expatriado, longe, já há tanto tempo, mas não te perco e te sigo sempre ao lado.

Tua música me cobre e descobre em a mim a hora certa de te contar e desvendar meu mini mistério: Tua presença e a prova concreta da existência plena de uma divindade.

"Qual é o seu nome?
Onde é que você mora?
Quando é que você me namora?"

Que perdure o poeta...

Escrito em New York, não datado:  "Baby, baby, há quanto tempo..."


Paulo Nunes
 

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Tuesday, March 8, 2011 - 07:07

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