Sem título(123)
Tenho do sol
O raio certeiro que me desenha o sorrir
Se é grande a minha sede
Ou se me escalda o corpo no estio
Rios e mares me acodem em minhas carências
Se nada quisesse saber merecer
Por ter esta sorte sublime
Ainda assim
Gritaria teu nome
Por justo tributo
E por toda a justiça e superioridade do amor
Me daria abençoado à sorte dos teus quereres
Evoco o teu nome
Como coisa una de luz mar terra e sabedoria
Assim como respiro no ar as tuas perfeitas palavras
E danço na cor dos teus gestos subtis
Em cada aventura enunciada
No acto de te fazer mulher feliz
Recebo de tuas mãos a bússola
Que me desvenda a rota do sagrado e do profano
Da paz e do torvelinho do amor em ti
Em teu nome e em teu corpo
Se aprende a paleta de todos os gestos e poemas
Ainda por esboçar ou escrever
Ainda por colorir ou declamar
E de todas as tempestades e bonanças
Dos risos choros ou alegrias comunicantes
Se faz a luz
Se faz a génese de todo o maravilhoso
E toda a vida é nascida em ti
Nos primórdios do mundo
No fundamento do amor
A claridade intrínseca advém da tua essência
Escrevo autónomo de mim
Escrevo e sinto a vida
Na vida do triunfo do amor
Se o mundo se derramar
Em hecatombes de dilúvios e tenebrosas chamas
Saber-me-ei aninhado
No mar de estrelas da tua eterna claridade
Porque da vida
E da razão das coisas
Descubro apenas a urgência
De estar na integral verticalidade do teu ser
De ser escolhido por entre mil jardins de espécies raras
Que nada se nomeie em vão
Se tudo é menos em face do amor
Do belo e do perene se dirá
Que existem a jusante do teu ser
Porque nascente e claridade são a tua essência
E das trevas e malquerenças se fará olvido
Como é consequente um sol depois de um luar
Assim como o amor sempre jovem
Descende de ti
Se alimenta em ti
É imperecível em ti
Nasci para nascer por teu amor
Dionísio Dinis
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