Para ti

Sem dúvida deste-me força, alento,

mas não chega, para vencer este invisível tormento.

Talvez por não ser já deste mundo, desta esfera,

que apesar de azul me faz correr cansado, há espera

daquilo que não sei se existe por maior, ou por mais ínfimo,

trazendo cores cinzentas, dilacerantes e frias ao meu íntimo.

Talvez se me deixasse levar pela aventura,

aquela que nos agiganta e delicia enquanto dura,

ou me enrolasse como um cão abandonado, a um canto,

e me deixasse embalar por este meu psicótico pranto.

Ou se pelo menos me fosse concedida a trivialidade da esperança,

num "talvez" com toda a incerteza de uma exótica dança,

em que o meu corpo dirigisse e a alma, mesmo acanhada,

se deixasse dirigir trémula, virgem, amedrontada,

e pudesse respirar este ar que me rasga e esmaga,

quando respirar é uma doença, uma loucura, uma saga.

Sem dúvida deste-me força, alento.

Mas nos meus olhos está ainda o frio da noite e do relento.

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Thursday, March 31, 2011 - 11:38

Poesia :

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Loner

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A rima emparelhada (pouco

A rima emparelhada (pouco comum na poesia do poeta Loner) marca o ritmo paralelístico da negação do sentir através do próprio sentir. A dúvida, talvez, é reforçada pela disjuntiva, onde o azul deriva fria cinza, pleonasticamente condicionada pela condicional, se a esperança, um dia... A aventura, ventura. o Cão jaz amortalhado no xaile que enxuga o pranto morno, suave, que alivia a alma insana. Talvez, Ainda. Amizade. O Tu sempre presente, ausente.
Nos olhos, a noite far-se-á dia, um dia, pelo calor da mão que se estenderá, sempre, sem dúvida!
 

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