O primeiro portal da transcendência
Entrei por uma porta
Não havia cômodos
Somente amplos espaços
E folhas secas, espalhadas
Adentrei o espaço-tempo
Sem olhar para os ponteiros
Nem preocupar-me com as horas
Em cada passo, sentia-me mais leve
Havia nuvens em "nimbus"
Pareciam ter vida própria
A observarem meu andar trôpego
Neste novo portal da existência
De fato, era uma sensação estranha
Curiosa e perturbadora,
Diferente de tudo quanto vivera,
Em mim despertava um bem-estar
Como de há muito não sentia
Tampouco as folhas tocara
Ah, sim, muitas outras de papel-ofício
Ou boletas de contas impagáveis
Neste primeiro portal
O ar era fresco, a luz do sol mansa
Ouvia sons ao longe, como músicas de esferas
Havia partido para uma viagem, mas onde estava?
Sentia uma certa ambiguidade
Um desejo de voltar correndo
Para o caminho que há pouco deixara
Ainda restavam pegadas no solo úmido
Ainda haviam marcas
que em mim carregava
Dos tantos anos vividos
De tantos entes queridos
A saudade vinha e ia,
Mas, a ansiedade costumeira
Era substituída por uma serenidade
Nunca dantes sentida
Percebia que não caminhava só
Uma energia gravitava alrededor
Silêncio somente quebrado
Ao pisar gravetos e folhas no caminho
Não me dei conta do tempo,
Aí, apareceu uma fonte de água límpida
Debrucei-me, apanhei água com as mãos
Saciei a sede como beduíno ao encontrar o oásis
De repente, miro no espelho do córrego
A minha própria imagem, espantei-me
Olhei em volta, não havia mais ninguém
Supostamente era eu próprio refletido
O que vi era bastante diferente dantes
Era uma formação etérea
Circundada na periferia por halos de luz
Com algumas áreas cinzentas outras claras
Percebi que transmutara,
Que o corpo físico para trás deixara,
Que o espírito vivo seguia liberto
Na nova estrada de minha evolução.
AjAraújo, o poeta humanista, escrito em 4 de julho de 2011
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