Poesia que rima com filosofia


I. Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.
Friederich Nietzsche

Se Deus está morto
Onde ele foi enterrado?
Se o futuro é incerto
Qual a culpa do pecado?

Eis o homem liberto
O que há de errado?
O mal está perto
Ou está do outro lado?

Existe sentimento
Mesmo que proibido?
O que há que gosto
Que não foi justificado

 


II. O amor é a compensação da morte.
Arthur Schopenhauer

De que importa o ato
Se não existe significado?
Para que o coito
Se o corpo já foi desprezado?

Como aliviar o sofrimento
Esquecendo o passado?
Valorizando o pensamento
Para que seja glorificado?

Estaria mais apto
O melhor colocado?
E tudo a que custo
Do pior rejeitado?

 

III. Nunca julgamos aqueles que amamos.
Jean-Paul Sartre

O seu questionamento
Nunca é entendido?
O que causa espanto
É o fato de ter existido?

O que impressiona tanto
Sua pose e libido?
Para que tanto pranto
Se o inferno é dividido?

Te chamam de insensato
Porque quer tudo?
Seria mais sincero e exato
Se enganasse todo mundo?

 

IV. Deve-se temer mais o amor de uma mulher do que o ódio de um homem.
Sócrates

Se não há o conhecimento
Fica impotente e com medo?
Mas se há o respeito
Porque o desagrado?

Se não foi escrito
O que foi falado?
Foi por puro preconceito
De ter inovado?

Até que ponto
Estás comprometido?
Deixará encanto
Com todo seu legado?

 


V. Só pelo amor o homem se realiza plenamente.
Platão

Admirava tanto teu intelecto
Já não era bem aclamado?
Ainda não foi aceito
Pelo seu eu idealizado?

As sombras e o instinto?
Lhe deixaram acorrentado?
De tudo o que tens feito
O que te deixa realizado?

E de tudo que tens visto
O que tem me contado?
Será que é por isto
Que estás angustiado?

 

 

VI. O amor é formado de uma só alma habitando dois corpos.
Aristóteles

Se a ti me limito
É porque és adorado?
Ou por que completo
É melhor que separado?

O que acha do livreto
Feito em um segundo?
Que das emoções imito
E cá estou sofrendo?

Porque achas que pergunto
Se a tudo duvido?
É só o firmamento
Ou sinto seu coração batendo?


VII. Não é pelas armas, mas pelo amor e pela generosidade que se vencem as almas.
Spinoza

Será que o que eu prometo
É o que fica devido?
Aí eu tenho o direito
De ficar por cumprido?

Era mesmo um momento
Que ficou guardado?
E se não é certo
Porque é escutado?

Se não é um tormento
Porque aguardo?
Se é inútil o lamento
Porque tenho esperado?

 

VIII. Quanto mais amor temos, tanto mais fácil fazemos nossa passagem pelo mundo.
Immanuel Kant

Será que te cumprimento
Ou continuo andando?
Se tenho um posicionamento
Estou te assediando?

Que postura apresento
Se nem te ofendo?
Sem discernimento
Do erro que foi cometido?

O que recebo é o maltrato
Por tudo que tenho sonhado?
É mesmo um contrato
De caneta e papel passado?


IX. O amor não se define: sente-se.
Sêneca

E agora para quem eu canto
Sobre meu triste fado?
É apenas uma dor no peito
Que nem Deus tem curado?

Porque escrevo e grito
Sobre meu coração partido?
Se nem seu batimento
Eu tenho sentido?

Calo e não me repito
Nunca mais falo do referido?
Ou doida eu insisto
Até que o destino seja esquecido?

 

X. Renunciar ao amor parecia-me tão insensato como desinteressarmo-nos da saúde por que acreditamos na eternidade.
Simone de Beauvoir

Queria que fosse perfeito
O último poema publicado?
Seria apenas bonito
Ou para sempre lembrado?

Consigo vê-lo de outro jeito
Feliz e bem resolvido?
E que esteja grato
Pelo que tem recebido?

Preferia que fosse santo
A ninguém pertencendo?
E mesmo que fosse o fato
Continuaria te amando?

 

 

 

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Martes, Agosto 30, 2011 - 20:54

Poesia :

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