Os Ventos de Desigualdade

Com muita coisa se acostuma,
eu bem o sei.
Acostuma-se com jiló,
vinho doce
e também com tempero ruim.
Acostuma-se a perder na vida,
e às vezes ganhar.
Só não me peçam, amigos,
para acostumar com a dor da fome.
Aceitar o choro da pobreza,
o abandono do inválido,
a mutilação da infância.
Não me escrevam livros
para justificar a ausência
de quem deveria estar lá,
ou as prateleiras apodrecendo
junto à nossa consciência macilenta.
Não! Não vou me acostumar
com o silêncio entre nós,
ou com o suicídio dos derrotados.
Eu vou dar um pouco de mim,
um tijolo, um poema, um abraço,
um pedaço, uma palavra, o meu perdão...
até que minha vida se esgote,
ou que todos nós, irmãos do mesmo sangue,
nos desacostumemos
com os ventos de desigualdade
que sopram entre nós.

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Jueves, Marzo 29, 2012 - 20:23

Poesia :

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Ulisses Pinheiro Lampazzi

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Comentarios

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Grato...

Agradeço muito pelo comentário, a seriedade com que analisou meus versinhos....rs.
E é muito bom saber que possuímos amigos de ideais, não apenas na poesia, mas também na busca por um mundo melhor e mais humano.
Grande abraço e que continuemos a trocar nossas impressões líricas por aqui.
até breve.

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