Ontogênese


Vinte e dois de abril. Décimo quarto dia. Os sintomas estão piorando devido ao avanço do vírus. Venho sentido fraquezas, coriza e tremedeiras há mais se uma semana. Os anticorpos não esboçam qualquer resquício de reação, embora eu tenha rezado para que os comprimidos surtam efeito. Do contrário, creio eu, o estado de mutação genético não poderá ser erradicado.

Meu coração é um Talibã
em fractais
numa manhã de 11
de setembro;
uma carta com antraz.
É um tratado assinado
com penicilina
em Tordesilhas medievais.
Um samba de bacharel
nessa Babel inundada
por mísseis pluviais.
É o glóbulo branco,
a contraindicação.
É o mel das abelhas
coalhado com gosto metálico
de radiação.
É o doutor Manhattan à deriva,
acusado de transmitir aos
mais próximos,
o desenvolvimento
das células cancerígenas.
É uma esposa grávida, trancada
na faixa de gaza;
sob a égide de qualquer suástica
com o rosto deformado
pelos beijos de soda
cáustica.
É o feto que chuta
e faz greve.
É cólica,
porque entalhei seu
útero com arte rupestre.
É o pastor de aura
artificial iluminado
por Led's num batismo
virtual.
É a catequização dos elétrons.
Deus disse: "Que haja luz!"
E a lâmpada foi inventada
por Thomas Edson.
Milagre cibernético -
onde a fé
passa a ser zona
erógena dessa merda quintessencial. -
É a medula subatômica
de deus em pleno carnaval.
São células reféns dessa paródia;
a espinha dorsal da piada cósmica.
Porque vida é tudo que se ignora.
Porque a vida se resume
a uma reles tabela periódica.
Somos átomos e quarks,
numa linha do tempo escatológica.
Fungo, musgo, evolução sem conclusão.
Sobe o cogumelo de gordura humana
em combustão.
Logo perdemos contato por causa
dos táquions emitidos pela radiação...

Bruno Sanctus.

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Jueves, Mayo 8, 2014 - 16:35

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Bruno Sanctus

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Um poema muito bem escrito,mas muito triste. Sem palavras!
Beijo

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