Em geral ...

Em geral

Em geral, somos criaturas miméticas que se prendem nos gestos uns dos outros e aprendem por imitação dos sinais do rosto embora aprendamos devagar e com gestos lentos, desde como fazer balançar o berço até ao contar pelos dedos, a tabuada dos nove, em galego, (nove’s fora nada, nada igual a zero, por gestos) quer a comunicar com os ombros dizendo eles da nossa equidade em Basco, ainda mais que nós mesmos “por boca” lograríamos transmitir por sílabas gástricas, intestinais, o estalar dos dedos é linguístico e tão universal como a palavra “TAXI”, não tenho vontade ou necessidade de justificar o gesto de um só dedo, partilhar os meus costumes a outros ocupantes deste “Taxi espartilhado”, nem justificar convívios, conluios; nem necessidade de justificar o que conluio finalmente como tendo real valor, a minha sensibilidade e versatilidade, está para o meu entendimento assim como o erro para Descartes, mantenho a cabeça na pia baptismal e afasto, separo as emoções dos pensamentos embora as minhas alterações comportamentais não sejam, nem sigam uma linha recta, mas a distancia mais curta entre o que me apaixona e o que penso ser correcto parecendo nebulosa à distancia e na consistência e desvio múltiplo, de facto não o sendo; é o que me influencia vindo do exterior, o mundo qual gera justamente a minha ideia de verdade, originalidade e ideal, justiça.
Em geral, sou como uma criança que aprende com o que conheceu ou aprendeu numa conversa a dois com os cotovelos, aí chego a uma conclusão e passo-a a limpo com os dedos das duas mãos, apesar de muitas vezes colher da erva alta flores de cardos, viscosas, terríveis, espinhosas, por serem de uma realidade que às vezes dói, a própria vida nem sempre é constituída por viçosas flores de jardim, mas por associações destas e outras ideias, a ironia e o sarcasmo são espécies entre muitas e uma indicação aguda de atitude espiritual por vezes injustamente condenada como bastarda e indigna de se considerar flora.
Confio nos polegares opostos, na instituição que é ser “Humano” e embora não me vista de Xiita, admito-os e admiro todos os trajes, são as oficinas que tecem os trajes, que por sua vez moldam o pensar do polegar e o entrelaçar constante de dedos é um dom, um mérito, o ligar fio com fios; o aspecto, uma trama cerzida ponto por ponto.
O encanto da liberdade é dizer o que quero a outro, passar por onde quero, ter dois ou mais poleiros para cantar de manhã cedo e escolher o que quero usar dentro da capoeira, apesar de acabrunhado e sonolento quando acordo a doer-me a bexiga, alivio-me desse incomodo antes de cantar de galo pela fazenda do meu dono e fazer de novo um berreiro daqueles que se ouvirá da França ao Reino Unido, supondo que o galo fala francês, já que de lá é oriundo e não da loja de algum chinês.
Em geral somos criaturas de hábitos, temos pés de barro que embora possuam outra utilidade também servem para quebrar canelas e joelhos de diferentes jogadores em diversos jogos, provocar dor; habitámo-nos a usá-los para andar, para correr, para cheirar de modo que sintamos que estão sujos ou com o síndrome de pé de atleta em estado avançado, nauseabundo.
Não costumo cheirar os pés dos outros, nem o peçam por favor, cada um tem de sentir a que cheira de facto cada palavra e acto e a morada íntima da alma não pode exaurir demasiado fedor, sob pena de perpétua condenação, vem descrito no Apocalipse de Patmos como exemplos de males sem cura, quer o pé-de-atleta assim como o mau hálito de boca e as dores de cotovelo ou de cabeça congénitas.
A fome e a sede são generalidades, aprende-se cedo a enfrentar assim como o medo e o modo de embalar com o abanar do corpo e a dar movimento ao pequeno berço.
Defino-me como a excepção à aprendizagem em geral, não sou aprendiz de coisa alguma; como mestre de mim mesmo, não entendo dos outros o que não sei por “Leitmotif”, nem pretendo ser entendido por todos, não ando nem falo como a maioria das pessoas, nem me sinto culpado por não me fazer entender, é uma questão de consciência não uma estratégia nem uma tragédia. A fome e a sede são insignificâncias perante a existência de cada um, mas concorrem e especializaram-se, cada uma à sua forma para o triunfo da mente humana e para que as palavras falem às vezes connosco e as entendamos. A noção simples de existência é esmagada pela sede e pela fome mais que pela miséria insana, embora sejam uma trindade. Sinto a liberdade a definhar no trânsito da cidade, na fila dos semáforos urbanos que me obrigam a parar, nos anúncios de pasta de dentes e no IKA dos móveis, nos impostos que me obrigam a pagar, já o que me costuma manter vivo é um desejo grande de comer e beber, absurdo para alguns e para outros compreensível; a regra “Sine qua non”.
Geralmente não tenho sede de água, pouco bebo a não ser nos regatos quando caminho nas florestas doutros reinos, defino esses momentos como genial excepção, não pela inteligência ou habilidade de me acocorar nos regatos, mas pela simplicidade, pela fuga de espírito, como água de fonte fresca, maleável à mão, um pedaço de pão na boca de um miserável esfomeado, com o estômago colada às costas mas autêntico como uma floresta, assim sou e sempre fui, serei.
Termino esta dissertação da maneira mais genial e generalista que me ocorre, como o hábito geral de nos transfigurarmos em tudo o que nos une e nos normaliza como seres miméticos e sociais, sociabilize-mo-nos q.b.
– Carpe Diem –

Joel matos 07/2018
http://joel-matos.blogspot.com

Submited by

Lunes, Agosto 6, 2018 - 15:47

Ministério da Poesia :

Su voto: Nada Promedio: 5 (1 vote)

Joel

Imagen de Joel
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 5 días 13 horas
Integró: 12/20/2009
Posts:
Points: 42009

Comentarios

Imagen de Joel

.

.

Imagen de Joel

.

.

Imagen de Joel

.

.

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of Joel

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Ministério da Poesia/Aforismo Dedragão 10 9.213 11/28/2018 - 15:19 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo Mal feito eu 10 4.158 11/28/2018 - 15:17 Portuguese
Ministério da Poesia/Aforismo larva ou crisálida 10 2.391 11/28/2018 - 15:16 Portuguese
Poesia/General De mim não falo mais 10 3.905 11/18/2018 - 16:04 Portuguese
Poesia/General Não ha paisagem que ame mais 10 5.187 11/15/2018 - 20:32 Portuguese
Prosas/Otros Requiem for a dream 10 7.187 11/15/2018 - 20:32 Portuguese
Poesia/General O rio só precisa desejar a foz 10 2.792 11/13/2018 - 12:43 Portuguese
Poesia/General Se pudesse pegava em mim e seria outra coisa qualquer 11 4.548 11/13/2018 - 12:41 Portuguese
Poesia/General Vivo numa casa sem vista certa 11 4.138 11/13/2018 - 12:39 Portuguese
Ministério da Poesia/General Amor omisso. 11 5.908 10/16/2018 - 16:32 Portuguese
Poesia/General I can fly ... 11 6.546 10/16/2018 - 08:41 Portuguese
Poesia/General -O corte do costume, se faz favor – 14 2.283 10/16/2018 - 08:38 Portuguese
Ministério da Poesia/General Jaz por terra... 13 3.725 10/16/2018 - 08:37 Portuguese
Ministério da Poesia/General Eu sou o oposto, 13 3.770 10/16/2018 - 08:36 Portuguese
Ministério da Poesia/General Escolho fugir de mim, 13 4.034 10/16/2018 - 08:35 Portuguese
Ministério da Poesia/General No bater de duas asas​ ... 13 4.342 10/16/2018 - 08:34 Portuguese
Poesia/General “From above to below” 13 4.770 10/16/2018 - 08:33 Portuguese
Ministério da Poesia/General Conto … 13 3.090 10/16/2018 - 08:32 Portuguese
Ministério da Poesia/General “From above to below” 13 4.406 10/16/2018 - 08:31 Portuguese
Ministério da Poesia/General JOEL MATOS 14 5.883 10/16/2018 - 08:31 Portuguese
Ministério da Poesia/General Antes de tud’o mais ... 13 4.647 10/16/2018 - 08:30 Portuguese
Ministério da Poesia/General "Sinto" 13 3.934 10/16/2018 - 08:29 Portuguese
Ministério da Poesia/General "Semper aeternum" 13 4.673 10/16/2018 - 08:28 Portuguese
Ministério da Poesia/General Ao principio ... 14 4.870 10/16/2018 - 08:27 Portuguese
Ministério da Poesia/General Em geral ... 13 7.078 10/16/2018 - 08:26 Portuguese