Na minha terra não há terra,
Na tesão pálida do mármore ou do granito róseo teremos
O que podemos chamar de mística em pedra gasta pois não
Tem luz interna uma estátua, apenas sombras sem janelas
E a ideia de serem realidade e tributo raro entre belo e lívido.
Na minha terra não há terra, sou dum rebolado chão em barro, vivo
Num não sonhado palácio em forma de oito, habito alcovas planas,
Esposa e cama, esqueci fama, ess’outra criatura investida
Rainha que trocou minha boca por outra breve forma cana,
(sensação é aviso), porém ao fim e por palavras minhas
Ouve-se a serra a serrar um Teixo, amargurado tombo
Sem vida, ridículo, num canteiro sem músculo, areia dormente
É musgo, como se fosse presa que se prostra prá goiva torta,
Morta cega. Incestuoso sentir do vime ao vento, magia,
Instinto d’vidro, corpo e asas d’xamã, septo largura do ânus
De um Druída, odor de terra bolida, ranho é baba, amígdalas
Na nuca, (nunca compreendi o porquê da culpa) córneas
De sapo, na minha terra a vida é de um por cento incólume,
Noventa e nove, placebo dourado à vista de fulano e demente,
Neblina, na minha terra não há vida, nem pode haver Rei consorte,
Ironia é o destino não ter forma humana e a Terra não ter manto,
Gente sem mando, em barro cão com a ideia de ser de verdade
A Terra e deles, eu então … eu donde sou nem sei se o sonho é meu,
Nem sou tampouco donde venho, (clandestino da alma humana)
Haverá alguém como eu que infinitamente se despe da impressão
De cá estar e se crê existir sem vida nem tempo, sem terra e sem ar.
Jorge Santos (Junho 2020)
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