Réquiens ao proibido
Sentou-se, a beira, a insanidade,
Fazia frio, e em meio a sala,
Calou-se a mente e a própria fala,
Pensou em todas suas verdades
E em todo seu amado tempo.
Perdido. Antes só, chorando;
Fugiu de risos tímidos e sonhando,
Decidiu por fim, junto ao templo,
Voltar as formas que o induziam,
A refazer, tudo o que faziam,
Para sorrir em quais; tais terras.
Mas, antes de ter o merecido,
Perdeu a força em ter dormido
Ao lado a dor por dentre eras.
II
A agonia
Acordou por entre a dor.
Ainda só, beira a cama,
Rasgou-se em vão, sem pudor,
Pensando alto, no que se clama;
Clamou o fim, a piedade...
De si mesmo, maldito o ego.
Fez de tudo a claridade,
Olhando a cima, já não cego,
Viu a esperança o abranger,
Como uma chuva em um deserto,
Fazendo-o, por fim, perceber;
Que acima, a dor era lhe fraca,
Trancando-lhe só, perdendo o certo,
Em meio ao pudor que se marca.
III
A um fecho de luz
Correu por dentre o desespero,
De um lado a vida ao outro a sorte,
Ao fim o turvo. Derradeiro;
Que acoplava sua morte.
Caiu de si, estava perdido,
Impaciente, em meio a calma,
De ter sido só, quando sentido,
O destruir da própria alma.
Ali, sendo de si, única luz,
Viu se apagar em tempos jus,
De toda paixão e de vingança,
Mas viveu -graça concedida-
Lutando só, em batalha perdida,
Fazendo de arma a esperança.
IV
Plenitude
Lá estava ele, mais que nunca orgulhoso,
Era sim, o alegre centro do náufrago;
Saindo a água, sorrindo, vitorioso,
Meio a dor, a morte e seus afagos.
Era de si já não mais um fardo,
Fazia-se bem, ver-se contente.
Sentou-se, em seu cigarro um trago,
Do pulmão aos lábios, som deprimente.
Ele tossiu, já sem motivos a chorar,
Lá se foi aos ares; em fim, a cantar,
A serenata do entregue ao sentir,
E em meio a orquestra eminente
Fraguou-se a pensar no que sente,
Deixando a velha face a sorrir.
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Comentarios
Re: Réquiens ao proibido
Réquien ao proibido
Lindo, gostei do belo texto!
MarneDulinski
Re: Réquiens ao proibido
Mágico, a poesia vencendo o trágico...
Muito belo.
Re: Réquiens ao proibido
Grande escrito
Gostei imenso
Abraço