Reflexão

Sim,
tudo segue um caminho qualquer...
Há uma mão invisível que preme todas as teclas de comando,
que nunca se cansa,
(nem mesmo quando achamos que se deve cansar)...
Nada é acidente,
nada é acaso,
nada é simplesmente nada,
tudo tem o seu tempo,
o seu lugar...
O propósito serve-nos em bandejas de banquete,
pratos ora frios,
ora quentes,
por ordem estipulada numa precisão cirúrgica...
Serve-nos as entradas leves e as cerejas no fim, ~
deixa-nos os caroços que podemos cuspir…
(Mas pequenos o suficiente para os podermos engolir...)
As injustiças que sentimos vivem dentro de nós,
porque estamos desfasados em relação à comunhão,
lá fora…
Ás vezes,
só às vezes,
deixamos que o mundo habite cá dentro,
nos recantos profundos do coração…
(Onde mora a razão cega não há espaço para a entrega...)
O Universo perfeito acolhe-nos,
mas nós olhamos para tudo com honras de pot-pourri seco
que apenas perfuma o ar rarefeito...
Voamos como borboletas tontas,
ás voltas,
embatendo em pétalas e folhas,
sem conseguir pousar ou tragar néctar...
Os pianos vestem-se sempre das mesmas notas,
afinados ou não,
nós somos como os pianos,
às vezes precisamos de afinação,
às vezes não...
Guardamos o nosso amor em cantos obscuros e inseguros,
em caves húmidas
e só o deixamos ver o sol e respirar de quando em vez,
perdidos em porquês de respostas que chegam,
mas nem as vemos chegar,
porque estamos sempre a perguntar...
Não, meu amor,
o Amor, leve e terno,
não deve ser edredão de penas guardado e apertado em dobras pequenas,
para um próximo Inverno num sótão qualquer...

Inês Dunas
Libris Scripta Est

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Miércoles, Diciembre 16, 2009 - 12:05

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Re: Reflexão

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Re: Reflexão

Ótimo poema.

Um abraço,
REF

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