Fant(Azias)...
A minha pele esta cheia de escamas de orgulho,
quando a luz me bate,
parece que estou coberta de prata
numa estranha armadura de lata
que reluz e parece iluminar uma sala...
Porque não se cala aquela voz miudinha,
dentro de mim?
Aquela vozinha ridícula e esganiçada
que nunca me diz nada
que possa utilizar na selva do dia a dia?
Sou uma estranha manta de retalhos,
numa cama vazia cheia de teias de aranha,
onde nunca dormiu ninguém...
Tenho tanta coisa guardada que se agarrou a mim...
Tanta...
Que nem um expectorante de suspiros,
me faria soltar estes fantasmas todos...
Acho que gosto de ser uma casa assombrada,
gosto de os ouvir uivar dentro de mim...
Assim,
sei,
que nunca hei-de morrer sozinha...
Moro comigo e com eles todos...
E retalho-me...
E arranco-os...
E desgraço-me...
E despejo-os...
E abraço-me...
Inês Dunas
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Poesia :
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Comentarios
Re: Fant(Azias)...
Os fantasmas interiores que apesar de nos toldarem a visão, de nos condicionarem os movimentos, tambem nos fazem companhia.
Acho que gosto de ser uma casa assombrada,
gosto de os ouvir uivar dentro de mim...
Assim,
sei,
que nunca hei-de morrer sozinha...
Moro comigo e com eles todos...
E retalho-me...
E arranco-os...
E desgraço-me...
E despejo-os...
E abraço-me...
Excelente Inês.
Bj
Nuno
Re: Fant(Azias)...
Gostei do eco desse poema. Gosto de te ler, acho que nem é segredo, rs! bj
Re: Fant(Azias)...
Estou cá, mais uma vez extasiado, após provar da tua escrita...
Já te disseram que escreves muito bem? :lol:
Retalhas o que te é belo
Arrancas o desnecessário
Desgraça-te ao ignorar-te
Despeja as dores em versos
De forma a abraçar os reversos (da vida).
Abraços, Robson!
Re: Fant(Azias)...
Olá!
Tatuas-me com cada palavra que aqui deixas e por isso não mais tenho a dizer.... senão que...
EPÁ QUALQUER DIA JÁ NINGUÉM ME RECONHECE :-D
A sorte é que posso tatuar as tuas palavras no coração infinitamente... aí... há sempre espaço.
beijinhos
rainbowsky
Re: Fant(Azias)...
Sem comentar o poema, que como sempre está muito "Banco de Areia", ou seja, bom, o conteudo dele é mais um daqueles perfeitos exemplos em que " o Poeta Finge estar bem, com o tal finjimento que deveras sente".
;)
Apesar de ontem te ter pintado o amor da forma que eu o vejo, não quis com isso dizer que ele não seja um "mal necessario"
Sublinho:
"que nunca hei-de morrer sozinha...
Moro comigo e com eles todos...
E retalho-me...
E arranco-os...
E desgraço-me...
E despejo-os...
E abraço-me..."
Somos inevitavelmente o personagem principal da nossa vida. O único que não precisa decorar o guião.
Beijinhos para ti "São como Divans"! Um bom fim de semana seixalense!
Re: Fant(Azias)...
Ecos e fragmentos de medos e anseios passados, revoltados e remexidos e perdidos num imenso turbilhão de medo de solidão.
Espantoso o trecho:
Assim,
sei,
que nunca hei-de morrer sozinha...
Moro comigo e com eles todos...
e ainda...
E arranco-os...
E desgraço-me...
E despejo-os...
E abraço-me...
Gostei bastante!