A lenda de Enoah - Capitulo 7

O sol prometia abandonar em breve o reino de ischtfall, agora que se aproximava a hora do Gaio. Tinha sido um Inverno rigoroso e os poucos raios de sol que provinham dos céus, eram uma verdadeira benção dos Deuses, para os camponeses e mercadores do Reino.
A partida do palácio foi feita com toda a descrição possivel. Sem se despedir da rainha, Enoah abasteceu a bolsa de vime de alguns víveres e abandonou o palácio, como se se retirasse para as montanhas.
Percival por sua vez, optou por uma das saidas laterais do palácio, algo que era habitual e normal em si, pelo que não motivou a minima curiosidade dos guardas.
Como o previamente acordado, os dois dirigiam-se, separadamente para o local do encontro, á saída do reino de Ischtfall, a fim de darem inicio á longa jornada que os esperava.
A decisão de Leopoldo II de que os dois fossem a pé, não agradou minimamente a Percival, que abandonara o palácio deveras irritado. Ele era um cavaleiro de provas dadas, não um simples peão, e nem só pela questão de Status, ele achava que seria bem mais rápido e util irem a cavalo, pois poupariam tempo e sempre oferecia protecção. Sem cavalo, sem escudo e apenas com uma espada, não via que pudesse defender a sua pessoa e ainda por cima, com aquela herege de seu lado.
Todo o plano lhe parecera um suicidio completo. Não que ele fosse um covarde, mas sabia de alguns dos perigos que habitavam fora do reino e temia que só os dois pudessem ser aniquilados facilmente sem que o Rei soubesse. Percival acreditava que teria de haver um sinal para as tropas do rei avançarem em segurança, mas hesitava contar esse seu receio, com medo que o tomassem por covarde.
Mas o que o irritava verdadeiramente era o acto, de todo o plano do rei assentar apenas numa campónia. O Rei tinha os mais nobres nobres de seu lado e optava por uma saloia, armada em importante. E a ideia de que tal criatura, aspirasse a ser rainha,revoltava-o.
Enoah, caminhava segura, apesar de se sentir obervada. Essa sensação tinha sido uma constante dentro do palácio e de certa forma inquietava-a.
Meditava na dificil missão que lhe fora incutida pelo rei e no hipotético sucesso de tal feito. Nunca havia transposto os pantanos e ouvira o que o Povo da Montanha contava sobre a floresta de Arekham. Um lugar horrivel e terrivel, mesmo para alguem com os poderes da Tribo.
Mas no seu sentido prático, ela sabia que se sobrevivessem os dois primeiros dias, até saírem da floresta o sucesso era imediato.Isto se ela não degolasse aquele arrogante do Percival.
Aquele sujeitinho irritava-a profundamente e por qualquer razão a sua simples presença inquietava-a. Algo que jamais algum humano fizera. Teria que estar atenta a ele tambem.
caminhava segura e confiante e assim que se deixasse de sentir observada, rumaria ao local do encontro.
Após a saída dos dois, o rei convocou à sua presença o conselheiro e comunicou que convocasse o conselho de guerra. Dentro de cinco dias marchariam para Orgutt.
Atónito, conselheiro nem pestanejou. Assim que foi dispensado pelo rei, conteve o seu receio e dirigiu-se aos aposentos de Gambinus, evitando alarmar os guardas.
Sem pedir permissão, o conselheiro entrou no preciso momento em que o padre ouvira o relato fiel do seu espião. Olhando irado para o conselheiro, levantou a mão direita e respondeu em voz alta ao seu espião:
-Com que então essa herege, ainda ousa tecer criticas á minha pessoa? E me dizeis que a rainha pareceu pensativa após a sua saida? Preocupante....bastante preocupante.
-Digo-vos meu bom padre, que essa lingua de vibora está a tentar voltar a rainha contra si.
-Com efeito, assim ou ouço.Julgava que uma campónia não teria voz viva no reino. Olhai, como o reino está corrompido.
-Que dizeis, senhor? - O conselheiro temia cada vez mais o rubor na face do padre, habitualmente sempre sereno.
-Que essa criatura das montanhas é bem mais do que aparenta. Receio que esteja a soldo de Orgutt.
-Oh! Uma espia?
-Pior.Uma víbora que vem atentar a boa fé do Reino nos seus Deuses!
-Pelos Deuses, que tragédia!
-Dizei-me, meu bom conselheiro, que novidades me trazeis da reunião?
-Senor, não consegui ouvir. O Rei foi meticuloso.
-Mas sois conselheiro do rei, devias ter estado presente!
-Na verdade meu senhor. Mas não fui convocado.
-Hum... E onde anda essa criatura agora?
-Acaba de sair do palácio , meu senhor.
-Sozinha?
-Com efeito. Tal como chegou e o rei nem pareceu dar importância!
-Hum...E reuniu-se com o Rei?
-Ela, Sir Percival e o rei, estiveram mais de meia hora na sala, a sós.
-Interessante, mas creio que não haveis vindo aos meus aposentos só para me dizer isso. Dizei-me, que boas novas me trazeis?
O conselheiro aproximou-se de face branca de terror e ganhando coragem, confidenciou:
-Uma tragédia meu senhor!
Gambinus franziu o sobrolho e concentrou a atenção nos lábios do conselheiro. Os seus olhos fitaram com redobrada atenção os finos lábios do pequeno sujeito, cuja tonalidade vermelha desaparecera:
-O rei planeia marchar em direcção a Orgutt, dentro de cinco dias!
-O quê?- A ira tomou posse do atlético padre
-Foi o que sua majestade me pediu. Que convocasse o conselho de Guerra!
-Que loucura vem a ser esta? Como pode o rei tomar tal decisão sem ouvir os Deuses?
-Estranhei, meu bom senhor. Agora creio que o bom rei está enfeitiçado.
Gambinus, colérico apertou o ultimo botão da camisa e colocou o manto nos ombros, praguejando entre dentes e comunicou:
-Mandai vigiar essa criatura das montanhas. Quero saber todos os seus passos. O reino está em perigo e alguma coisa tem de ser feita. Agora deixai-me, que tenho de falar com os deuses.
Assustados por tal reacção os dois sujeitos abandonaram os aposentos, deixando um padre vermelho de raiva.
Assim que se viu a sós, sentou-se na pesada mesa castanha de pino, e pegando na pena de ganso, iniciou uma longa missiva, em caracteres perfeitos e arredondados. No final, aparando suavemente o óleo da ponta da pena, colocou o lacre sacerdotal na missiva, enrolou o papel cuidadosamente e abandonou os aposentos em direcção ás cavalariças.
Brentford, o jovem pajem de dezoito anos ao serviço de Gambinus, escovava o seu cavalo castanho, quando Gambinus o chamou. Evitando o contacto visual com os guardas do palácio, que procediam á rotineira ronda de vigia, entregou cuidadosamente o manuscrito e bacejando um pouco, ordenou que o pajem desse seguimento ao pedido.
O jovem, baixou-se sobre o joelho direito e sem hesitar selou o cavalo e rumou a Orgutt, a fim de entregar secretamente a missiva.
No alto da torre lateral, Beatrice " a branca", a aia da rainha que àquela hora, sempre observava o seu amado da janela dos aposentos reais, observou em segredo a reunião de Gambinus, com o seu amado e percebeu que algo de errado sucedia. Quando viu o pajem partir, sentiu um aperto no coração e sem hesitar, aninhou-se perto de Latvéria, que bordava, e comunicou-lhe o que vira.
A rainha pousou pensativamente as agulhas, encarou-a suavemente e num gesto calmo, ergueu-se ordenando ás aias que a acompanhassem.
As escadas eram a sua passadeira vermelha e todo o charme que expelia enquanto descia as escadas de mármore, ladeada pelas aias, num lindissimo vestido creme, embevecia o rosto do rei que a via descer.
Tomando-lhe suavemente na mão, a rainha beijou-o na face, segredou-lhe:
-Meu bom rei e marido, temos de falar!

---------FIM CAPITULO 7-------------

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Miércoles, Abril 28, 2010 - 08:23

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Mefistus

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Re: A lenda de Enoah - Capitulo 7

Acompanhando a saga, e apreciando para vez mais. Aguça a curiosidade, fascina, e a leitura faz-se rápida sem se notar sequer se é longo ou não o capítulo. Se fosse lido em livro, talvez fosse daqueles livros em que se lê quase de uma assentada, em que se lê durante uma hora e sente-se como se fosse 5 minutos. :-)

Beijos,
Clarisse

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Re: A lenda de Enoah - Capitulo 7

Val;
Não sou apologista de textos longos ou demasiado densos, em capitulos creio que deveriam igualmente ser curtos.
Porem a Historia por vezes necessita de situar enredo e memórias. E a acção que pretendo sempre conseguida, não pode ser só limitativa.

A emoção será gradual, tal como no inicio.

Obrigado pelo teu apoio

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Re: A lenda de Enoah - Capitulo 7

E o enredo adensa-se, respira a plenos pulmões por entre a trama!
Gambinus um vilão delicioso q se começa a revelar, pé ante pé...
Q tera em mente para o reino de Ithsfal? Até onde a sua sede de poder o levará?
Estou desejosa por saber se vai haver um romance torrido entre Enoah e Percival, ai, uma luta sensual de lama, no pântano, LOLOLOLOLLL
Meu querido, tu nem pestanejes, tu escreve já mais dois ou três capitulos, tem dó de mim, isto a conta gotas quase q me mata!!!!
Beijinho grande em ti!!!!
Inês (A Enoah-dependente)

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Re: A lenda de Enoah - Capitulo 7

Vlad gambinus ainda precisa de uns retoques lol...
Com efeito o pantano e a floresta aproximam-se.
Brevemente disponivel o 8.

ehehehe...

Obrigado por acompanhares a Saga!

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