O Egoísmo e a Armadilha dos Conceitos
O conceito de egoísmo generalizou-se e, superficialmente, tendemos a conferir-lhe um sentido errado. O egoísmo em si, porém, nada tem de errado. O egoísmo é algo de natural e inato, na medida em que ele representa o instrumento através do qual asseguramos a nossa integridade enquanto indivíduos.
O homem é um ser dual – ele é indivíduo e é social. Ele pertence-se e é pertença. O que dele pode resultar de benéfico, quer para si, quer para o ambiente social de que é parte constituinte, depende exclusivamente do equilíbrio que se estabelece entre os factores que determinam a sua natureza. Assim, não é possível, nem desejável, que o indivíduo descure, ou de algum modo prejudique, a sua integridade enquanto ser único com necessidades próprias e exclusivas que devem ser satisfeitas, em prol de um terceiro, que pela sua proximidade, não deixará de sofrer a consequência negativa de receber o outro fora da sua completude e amputado de importantes faculdades.
Se como indivíduo, a minha plenitude depende não só de mim, mas também daquilo que o outro me dá, então como poderei eu realizar-me satisfatoriamente se o que me for transmitido pelo outro não for algo de positivo e perene? E como poderei eu dar ao outro tudo o que de bom tiver para dar, se não cuidar primeiro de me nutrir de todos esses bens?
O egoísmo, na sua acepção negativa, não reside pois, naquele instinto de auto-preservação que todos temos e de que não devemos prescindir. O verdadeiro egoísmo negativo é não conferirmos ao outro o direito de ser egoísta.
O egoísmo negativo acontece quando nos centramos demasiado em nós e achamos que tudo tem de ser determinado e acontecer em função exclusiva de nós.
É quando nos esquecemos que a relação que mantemos com o mundo e com a vida é biunívoca; que não se trata de uma relação mas de uma inter-relação. Este infeliz esquecimento, manifesta-se não só quando exigimos dos outros, como quando, por amor cego e imbuídos das melhores intenções, nos esquecemos de nós.
Submited by
Prosas :
- Inicie sesión para enviar comentarios
- 1608 reads
other contents of miguelmancellos
Tema | Título | Respuestas | Lecturas |
Último envío![]() |
Idioma | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/General | Iliusão de Mim | 0 | 728 | 02/27/2011 - 00:09 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | Há Magia no Ar. | 0 | 1.080 | 02/26/2011 - 23:56 | Portuguese | |
Poesia/Fantasía | Doce Sonho, Profundo Mistério | 1 | 990 | 02/26/2011 - 23:46 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | Perspectiva ou Entendimento | 0 | 1.122 | 02/26/2011 - 23:30 | Portuguese | |
Prosas/Pensamientos | Numa hora de esplanada | 0 | 914 | 02/26/2011 - 23:03 | Portuguese | |
Poesia/General | Dois em Um | 1 | 743 | 02/26/2011 - 17:22 | Portuguese | |
Poesia/General | Ignorância | 1 | 577 | 02/19/2011 - 23:07 | Portuguese | |
Poesia/General | morto vivo? Não!!! | 1 | 406 | 02/19/2011 - 19:46 | Portuguese | |
Poesia/General | Do Nada à Totalidade | 2 | 857 | 02/19/2011 - 16:10 | Portuguese | |
Poesia/General | O voo | 1 | 515 | 02/16/2011 - 17:36 | Portuguese | |
Poesia/General | vida efémera | 1 | 538 | 02/16/2011 - 15:59 | Portuguese | |
Poesia/General | A Nós, Pequenos Deuses | 1 | 846 | 02/16/2011 - 11:44 | Portuguese | |
Poesia/General | Poesia | 2 | 550 | 02/15/2011 - 19:20 | Portuguese | |
Poesia/General | Carta à Alma, minha amiga | 2 | 981 | 02/14/2011 - 23:47 | Portuguese | |
Poesia/General | Não há palavras | 1 | 518 | 02/13/2011 - 21:55 | Portuguese | |
Poesia/General | Subentendida equação | 2 | 676 | 02/13/2011 - 20:35 | Portuguese | |
Poesia/General | Desilusão | 3 | 642 | 02/12/2011 - 11:06 | Portuguese | |
Poesia/General | Ilusões | 3 | 451 | 02/12/2011 - 11:00 | Portuguese | |
Poesia/General | Silêncio | 1 | 359 | 02/12/2011 - 08:41 | Portuguese | |
Poesia/General | Tempo meu | 2 | 490 | 02/11/2011 - 18:23 | Portuguese | |
Poesia/Aforismo | A força do pensamento | 4 | 464 | 02/11/2011 - 01:41 | Portuguese | |
Poesia/General | União Primordial | 1 | 695 | 02/11/2011 - 01:39 | Portuguese | |
Poesia/Amor | Da paixão e do amor | 1 | 799 | 02/11/2011 - 01:22 | Portuguese | |
Poesia/General | Só sou o que suponho ser | 0 | 710 | 02/11/2011 - 01:00 | Portuguese | |
Poesia/General | Sobre tudo e sobre nada. | 0 | 962 | 02/07/2011 - 21:32 | Portuguese |
Add comment