O Nada, O Absurdo e a Minha Ignorância

Alguém me disse que é nada

sem saber o que nada é realmente.

 

...Não acreditei.

 

Porque se ser-se nada fosse possível,

nada seria eu certamente.

 

...Ahh como queria eu ser nada,

porque sou nada sem o ser.

 

Tudo, pelo menos tudo o que julgo ver,

encerra em si o pecado original do absurdo.

Não são só as palavras, ou os actos,

É a essência do próprio homem.

 

Da verdade, da pura verdade...

esperava-se que fosse definitiva e absoluta,

mas que tem de definitiva e absoluta a verdade conhecida,

quando esta se faz a si mesma

de tornar inverdadeira

outra verdade?

 

 

Que maior absurdo podemos encontrar

senão a aspiração do homem à unidade

face ao intransponível dualismo do espírito

e da natureza?

 

E que dizer deste impulso...

...Desta vontade de eternidade,

e a irremediável finitude da existência?

 

...Da preocupação constante enfim,

e a inutilidade de todo este esforço sem nexo?

 

E por isto tudo, eu queria ser nada

...ou então tudo.

 

Sou consciência atormentada

que afronta o mundo,

...Enquanto animal puro

sou parte do mundo, sou o mundo

...como a árvore, a flor

e as andorinhas...

Mas como homem,

sou consciência que se opõe.

...Busco uma ordem menor

numa ordeira desordem maior

que é este mundo em mim.

 

Com isto tudo,

como dizer-se que se é nada?

Haverá nada verdadeiramente?

Não sei...

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Jueves, Mayo 12, 2011 - 23:04

Poesia :

Su voto: Nada (1 vote)

miguelmancellos

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Comentarios

Imagen de angelofdeath

poema

Adorei esta grande reflexão filosofica que realmente nos faz pensar num registo nada pesado e ligeiro.

Parabens pelo poema e continua asssim, abraços Angelofdeath :). 

Imagen de MarneDulinski

O Nada, O Absurdo e a Minha Ignorância

Penso que somos nada em relação a Deus e sua criação!

Mas com referência a nossa vida, devemos viver o aqui e agora, e deixarmos para pensar

em um futuro distante, quando a hora chegar...

Meus parabéns, pelo seu texto,

Marne

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