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CINQUENTA ANOS MAIS TARDE

Neste cantinho escondido
Do parque fresco e frondoso
Que há muito tempo acolheu,
E escondeu o nosso amor
Dos olhares menos discretos,
Parece que o tempo parou.

O mesmo banco de pedra
Salpicado pelo musgo,
À sombra do castanheiro.
O canto da água da fonte
Continua a ser o mesmo
Que embalou os nossos beijos.

E as folhas do arvoredo
Afagadas pela brisa
Continuam sussurrando
Os mesmos sons embaladores.

As cameleiras são ainda
Aquelas que há meio século,
Floridas,
Enfeitaram o romance
Que nós dois aqui escrevemos.

Os fetos e as avencas,
O cantar da passarada
O aroma das flores,
São os mesmos doutros tempos.

Nada mudou.

Nada mudou? Mudou tudo!

Hoje estou aqui sentado,
Sózinho, velho, enrugado.
Sem ter aqui a meu lado
O teu corpo escultural,
A tua cara bonita,
O sorriso jovial
Com que acolhias, feliz,
As minhas juras de amor.

Já não tenho a oferecer-se-me
A tua boca sedenta.
Não sinto já os teus lábios
Doces, carnudos, sedosos
A colarem-se contra os meus,
Nem os teus seios generosos,
Rijos, firmes e empinados,
Parecendo ser desenhados
Perfeitamente à medida
Da palma da minha mão.

Neste cantinho pacato
Do encanto doutros tempos.
Só resta agora a saudade.

Se vim hoje até aqui,
Sentar-me no nosso banco,
Neste recanto do parque
À sombra do castanheiro,
Foi apenas para lembrar

O passado já longínquo.
Não me interessa se ouço passos,
Se há alguém a aproximar-se,
Se há mirones a espreitar.

Estou agora aqui sózinho,
Pensativo e melancólico
Apenas para recordar
Os tempos felizes de outrora.

Nada mudou por aqui,
Mas tudo mudou em mim.

Onde quer que tu te encontres
Será que ainda recordas
Este banquinho de pedra
À sombra do castanheiro,
Neste cantinho escondido
Do parque fresco e frondoso
Que acolheu o nosso amor
Já lá vão cinquenta anos?

Talvez tudo o que vivemos
Tenha já sido apagado
Do livro das tuas memórias
Pela voragem do tempo.

Talvez!

Mas eu hoje aqui sentado
Recordo com muita saudade
Cada beijo que trocámos,
E cada jura que fizémos
Neste banquinho de pedra.

Obrigado velho amigo
Por teres guardado segredo
E não teres dito a ninguém
Tudo aquilo que aqui viste.

Castanheiro, muito obrigado
Por manteres ainda guardado
No teu tronco centenário
Os corações que gravámos
Por cima dos nossos nomes.

Enquanto eu envelheci
E vivo olhando o passado,
Tu, velho banco,
Continuas a acolher,

E a esconder neste cantinho
Todos os dias, novos amantes,
Novos beijos,
Novas juras,
Novas promessas de amor
P´ra durar a vida inteira.

Daqui a cinquenta anos
Muitos daqueles que agora
Se acolhem aqui nos teus braços,
Voltarão tristes e sós
Apenas para recordar
Tudo aquilo que viveram
Neste recanto de idílio.

E tu,
Como sempre acolhedor,
Cá estarás para os receber
E alimentares-lhes a saudade
Como fazes hoje comigo.

Obrigado companheiro.
Voltarei a visitar-te
Para juntos recordarmos
Os tempos felizes de outrora.
E agora,
É já tempo de ir embora,
Que há ali um parzinho
À espera que fiques vago.

Trata-os bem meu bom amigo,
Como fizeste comigo
Há muitos anos atrás.

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sábado, dezembro 12, 2009 - 18:03

Ministério da Poesia :

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GuiDuarte

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