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FIQUEI SÓ

QUANDO O FAROL SE APAGOU.

Escureceu subitamente,
E eu fiquei só.
Estou com medo, mãe,
Com muito medo.
Tu sabes como a escuridão me assusta
E o receio que tenho de estar sózinho.
Abraça-me, mãe.
Aperta-me nos teus braços
Afaga-me os cabelos,
Beija-me,
E canta-me uma canção.
Era assim que afastavas o meus sustos de criança
Enquanto o sono não chegava.
Aconchegavas-me a roupa da cama.
Depois um beijo e um sussurro:
“Boa noite, meu amor.
Dorme um soninho tranquilo.”

Lembras-te?
Claro que lembras.
Como podias esquecer?

Ainda há pouco me contavas o teu dia,
Enquanto o sol descia lentamente no horizonte
A dourar o entardecer.
Disseste que não estavas bem.

E de repente, ficou escuro,
Muito escuro.
Depois, o silêncio.

Fiquei só e tive medo.

Mãe
Não vás.
Não me deixes aqui sózinho
Com a escuridão à minha volta.
A luz do farol que orientou a minha vida.
Apagou-se súbitamente
E eu sinto-me perdido.
Chamo-te, mas não respondes.
Estás serena, mas imóvel.
Não me falas, nem me ouves.
Adormeceste.

Aconcheguei-te a roupa
Como sempre me fizeste.
Abracei-te, mas não senti o aperto dos teus braços.
Beijei-te, mas, pela primeira vez, não retribuiste.
Os teus dedos não procuraram os meus cabelos como dantes.
Quis cantar-te uma canção, mas a voz atraiçou-me.
Já dormias.
Serenamente.
Com a mesma serenidade que sempre te acompanhou
Ao longo da tua vida.

Entre lágrimas sussurrei:
Boa noite querida mãe,
Dorme um soninho descansado.

Mãe,
Estou assustado e tenho medo.
Sem ti, a criança que me mantive até hoje,
Deixou de fazer sentido. Partiu contigo.
E eu não sei viver sem ela.

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segunda-feira, dezembro 7, 2009 - 23:12

Ministério da Poesia :

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GuiDuarte

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