CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
EPISODIOS TRADUZIDOS II
O bosque de Marselha
(Descripção tirada da «Pharsalia», de Lucano, Livro III)
Lá junto de Marselha havia um bosque,
Nunca dos longos séculos violado.
Co'a rama implexa os ares denegria,
Amedrontava o sol co'as altas sombras.
Nyniphas, Sylvanos, Pan, que rege as selvas,
Ali não tem poder, ali só reinam
Numes, que exigem barbaras offrendas;
Aras crueis as Furias erigiram
Roxêa em tronco, e tronco o sangue humano.
Ali, se fé merece a antiguidade,
Sobre os ramos firmar-se as aves temem,
Temem as feras acolher-se as covas.
Não sôa o vento ali, nem bate o raio,
Nem folha alguma os Zephvros consente :
Um mudo horror as arvores abrange.
De origens torpes negras aguas fervem;
Dos deuses maus simulacros feios
Carecem de arte, são informes troncos.
A mesta pallidez, que os vultos cóbre,
A surda corrupção, que os vai roendo,
Nos absortos mortaes terror infunde;
Receiam numes de apparencia extranha:
Tanto augmenta o pavor, tanto o requinta
Ignorar que poder, que deuses teme !
Era geral rumor que ali se ouviam
Mugir as grutas, vacillando a terra,
Que o derrubado teixo ali soía
Aos ares outra vez alçar a coma,
Até sem consumir-se arder o bosque,
E enroscados dragões silvar nas plantas.
Não dá proximo culto ás aras tristes,
Nem o infesto logar frequenta a gente:
Espavorida o cede aos deuses torvos.
Quando no ethereo cume o sol chammeja,
Ou quando a opáca noute afêa o polo,
Dos ritos feros o ministro mesmo
Teme entranhar-se nas funestas sombras,
E o senhor encontrar do bosque horrendo.
Cesar ordena que derribe o ferro
As arvores, que, intactas d'outras guerras,
E entre altos montes nus encadeadas,
Do romano arraial surgiam perto.
Eis os braços guerreiros estremecem,
Os fortes corações eis enregela
Do ermo escuro a terrivel magestade:
Crêm que, se as sacras arvores ferirem,
Hão de os férreos, vibrados instrumentos
Voltar-se contra os impios, que os menêem.
Julio, que do terror os vê tomados,
Rapido a um d'elles a bipenne arranca;
Ergue-a, n'um tronco ingente a descarrega,
Ás cohortes se volve, assim lhes falla:
«Porque nenhum de vós talhar duvide
A selva, onde pensaes que habitam deuses,
Crede-me, embora, o réo do sacrilegio.»
Diz, e a pavida turma obediente,
Sem repellir o horror, succumbe ao mando:
Teme a ira dos numes, e a de Cesar,
Porém mais a de Cesar, que a dos numes.
Já nodosos carvalhos cáem por terra,
Cáem por terra os suberbos, duros olmos,
No chão baquea o funebre cypreste,
Que a lutos não plebeos é consagrado.
Pela primeira vez, Dodóneo bosque,
Depões a idosa rama, e já sem ella,
Sem sombra, que te ampare, o dia admittes.
Mas inda se mantem, caindo, a selva
Com seus restos espessos; Gralla geme,
Olhando o feito audaz; porém, reclusa
A crente mocidade entre as muralhas,
Exulta: quem julgára que seriam
Impunemente os deuses affrontados !
Submited by
Poesia Consagrada :
- Se logue para poder enviar comentários
- 625 leituras
other contents of Bocage
Tópico | Título | Respostas | Views | Last Post | Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia Consagrada/Geral | FRAGMENTOS DRAMATICOS - O R I G I N A E S – I | 0 | 845 | 11/19/2010 - 16:56 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | VERSÕES LYRICAS I | 0 | 611 | 11/19/2010 - 16:56 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | VERSÕES LYRICAS II | 0 | 1.085 | 11/19/2010 - 16:56 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | A CONCORDIA - E N T R E A M O R E A F O R T U N A - I | 0 | 1.144 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | A CONCORDIA - E N T R E A M O R E A F O R T U N A - II | 0 | 1.093 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | A CONCORDIA - E N T R E A M O R E A F O R T U N A - III | 0 | 1.520 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | A VIRTUDE LAUREADA - I | 0 | 1.028 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | A VIRTUDE LAUREADA - II | 0 | 840 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | A VIRTUDE LAUREADA - III | 0 | 990 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | A VIRTUDE LAUREADA - IV | 0 | 899 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | A VIRTUDE LAUREADA - V | 0 | 641 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | A VIRTUDE LAUREADA - VI | 0 | 1.001 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | A VIRTUDE LAUREADA - VII | 0 | 750 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | FRAGMENTOS DRAMATICOS - O R I G I N A E S - I | 0 | 1.103 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | FRAGMENTOS DRAMATICOS - O R I G I N A E S - II | 0 | 644 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ELOGIOS XV | 0 | 535 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ELOGIOS XVI | 0 | 587 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ELOGIOS XVII | 0 | 879 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ELOGIOS XVIII | 0 | 1.077 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ELOGIOS XIX | 0 | 874 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ELOGIOS XX | 0 | 1.108 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ELOGIOS XXI | 0 | 846 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ELOGIOS XXII | 0 | 555 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ELOGIOS XXIII | 0 | 758 | 11/19/2010 - 16:55 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ELOGIOS XXIV | 0 | 819 | 11/19/2010 - 16:55 | Português |
Add comment