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A Filha de Maria Angu– Ato Terceiro - Cena VII

Cena VII

Bitu, Chica Valsa

Chica Valsa (Vestida de preto e de véu espesso.) Enfim te encontro!

Bitu - Acho-te enfim!

Chica Valsa (Levando as mãos ao peito.) - Estou com o coração nas mãos...

Bitu - Não! estás com a mão no coração.

Chica Valsa - Obrigas-me a fazer coisas...

Bitu - Que receias tu?

Chica Valsa - Estou exposta a tanto! podia ser alguma cilada... mas, enfim, cá estás; estou mais sossegada. Fiz tudo o que me recomendaste em tua carta.

Bitu - Em minha carta?

Chica Valsa - Que tal achas este vestuário de viúva? Não é assim que querias?

Bitu - Que eu queria, como? Não te entendo!

Chica Valsa - Pois tu, a quem não via desde aquela noite fatal, em que brigamos por causa da Clarinha Angu, não me escreveste ontem...

Bitu - Eu?

Chica Valsa - ... dizendo que me achasse aqui, na festa do Espírito Santo, às nove horas, assim vestida?... Achei o lugar esquisito, quando na Corte poderíamos fazer as pazes!

Bitu - Mas foste tu quem escolhestes o lugar, benzinho.

Chica Valsa - Eu, meu amor?

Bitu - Tu, meu coração; nesta cartinha que já sei de cor e salteado!

Chica Valsa - Uma cartinha que eu te escrevi! Eu?!...

Bitu - Estás arrependida?

Chica Valsa - Queres divertir-te à minha custa?

Bitu - Já não te lembras? Nesse caso ouve lá! (Lê a carta.)

Dueto

- “Qu’rido Bitu que se esqueceu de mim,

É meu amor, amor sem fim!

Eu devo confessar, Nhonhô, que ao fazer desta

Padece o peito meu, e a causa disso és tu!

Hoje, às nove da noite, espero-te na festa,

Lá em Maria Angu.

Apaga-me esta chama,

Sufoca-me estes ais,

E não te esqueças mais

Desta infeliz que te ama.”

Chica Valsa - Assina-se quem?

Bitu - Vê: “Chica Valsa”.

Chica Valsa - Traição!

Bitu - Esta firma é falsa?

A carta que aqui está

Tua não é?

Chica Valsa - Ouve lá!

(Lendo outra carta que tira do seio.)

“Não passo de um jornalista da roça,

Sem ter futuro, sem ter posição,

Mas, meu amor, por ti sinto paixão;

Viver sem ti não suponhas que eu possa!

Longe, lá em Maria Angu

Há hoje festa do Espírito Santo.

Nesse poético recanto,

Meu doce amor, não queres tu,

Fingindo ser senhora viúva,

De capa preta, véu e luva,

Ir encontrar o teu Bitu?

Como eu presumo que me adoras,

Sem falta, amor, contigo conto,

Se tu não vem às nove horas

Eu me mato às dez em ponto!”

Bitu - Isto por artes só de Belzebu!

E assina quem?

Chica Valsa - Vê: “Ângelo Bitu.”

Ambos - Que cilada se armou!

Eu envergonhado

Chica Valsa - Fugir, fugir, se é tempo ainda!

Bitu - Não!... Para quê?

Aqui fique você!

Minha Chica, tu és tão linda!

Oh! Eu te adoro!... O meu segredo aí está!

Ninguém o saberá!

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quarta-feira, abril 15, 2009 - 23:33

Poesia Consagrada :

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ArturdeAzevedo

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