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A lembrança do que vou pensar
Tenho momentos em que até a luz
Do dia me diz ser noite cerrada
Porque me doi sem razão cada som
E o dia e o ruído e o nada e a lembrança,
Tenho momentos em que
O que deveria fazer sentido não faz,
Pois nem mesmo o conceito de viver,
Este passou a ser um castigo,
Um cansaço que recomeça ao acordar,
Acho que mesmo morrer não consigo,
Por mais que queira,
Não por que tenha motivo,
Penso que nada me motiva nem mesmo
O medo nem mesmo o nada fazer
Tenho momentos em que acordar
É uma desilusão,
Um suplício, uma escada de enrolar
Sem degraus mas em gumes de faca,
Em que caio todos os dias por decreto
E saio da cama a medo,
Mas sem motivo para estar deste lado
E acordado
Quero estar dormindo, porque
A realidade me corta de baixo-a-cima,
Não é potável o sonho, nem o vinho
Que bebo, a minha alma é um “cadinho”
Do laboratório-da-peste,
Considero dever buscar um sentido
Para o que faço,
Diferente do comum movimento dos astros,
Da rotina, do cansaço
E da lembrança do que vou pensar …
Joel Matos (02/2016)
http://joel-matos.blogspot.com
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