CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Além dos limites do eu
Há flores num espaço aberto
Molho com a minha saliva, as pétalas roxas
Cubro com os meus lábios, os caules já avermelhados
Há um lugar ermo, amparo de um sonho distante
Ergo os braços ao encontro de um punho fechado
Há um pensamento abstracto a roçar no sobrado onde me deito
Na bajulação de um momento
E só…
O corpo é figura desenhada nas tábuas polidas pelo tempo
Há nas memórias a antemanhã que me diz - Sim
E um amontoado de células vivas, amarrotadas no sótão dos afectos
Que me diz - Não
A dor contrai-se perante o som agudo, onde o existir é um puro manifesto
Mas há um corpo deitado na acalmia da terra, coalhando o sereno da noite
Sobre o dorso um caminho estreito
Na longitude dos braços, um carreiro oblíquo
Nas pernas, a fortaleza a caminhar para o vazio ainda virgem
No peito, um batimento incerto como um relógio a emendar o tempo
No rosto, as rugas escancarando a única certeza das estátuas caídas
Nos olhos, dois sinais que indicam um olhar a perder-se no escuro
Ali se propaga e se desmembra por todos os quadrantes do seu universo
Ali se entrega ao submundo e se cruza com os fogos que o consomem
E eu, atendendo à nova teoria do pensamento
Escondo-me
Rendo-me aos contrários
Sustento o manto que me cobre a alma
Há no topo da montanha, um sem-fim de terra
É ponto de passagem a um corpo que balança sob as nortadas baixas
Encontros que espelham a dor
Desencontros ameaçadores das fugas por entre dentes
Uma boca que reluz no escuro
(Um quilate de ouro a mais na dentição genuína e demolida na boca do mundo)
Há um sonho que acorda a madrugada
E eu póstuma constelação à espera de outra marca do tempo
Que me conte os ossos e me endireite o corpo
Que me remende a sorte, para eu caminhar a Norte
Que me reconte as sobras que ficaram perdidas nos bolsos
E me refaça o meu inverso
E o mar, sempre o mar a galgar sobre a terra orvalhada
Sem no entanto resistir ao mundo que o fez mar salgado
Tempero dos que falham no ponto
Onde o lusco-fusco se fez vida
Alem dos limites do eu
Submited by
Poesia :
- Se logue para poder enviar comentários
- 1153 leituras
Add comment
other contents of ÔNIX
Tópico | Título | Respostas | Views | Last Post | Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Meditação | Acordar da Manhã | 2 | 5.334 | 03/22/2018 - 21:16 | Português | |
Poesia/Amor | Céu | 2 | 3.428 | 03/14/2018 - 21:25 | Português | |
Poesia/Meditação | Vida lá fora | 5 | 4.076 | 03/14/2018 - 21:24 | Português | |
Poesia/Dedicado | Saudações | 2 | 3.751 | 03/01/2018 - 10:13 | Português | |
Fotos/Corpos | Rendas | 1 | 6.811 | 03/27/2016 - 02:20 | Português | |
Poesia/Meditação | Selváticas Emoções | 0 | 3.076 | 01/17/2012 - 22:36 | Português | |
Poesia/Meditação | Talvez | 2 | 3.481 | 01/17/2012 - 20:35 | Português | |
Poesia/Meditação | Jardins Aquáticos | 1 | 3.104 | 01/04/2012 - 22:07 | Português | |
Poesia/Meditação | Eram rosas os meus olhos | 1 | 3.855 | 12/27/2011 - 22:48 | Português | |
Poesia/Meditação | Verdes lembranças | 0 | 6.563 | 12/15/2011 - 14:50 | Português | |
Poesia/Meditação | Se eu fosse só eu | 0 | 4.248 | 12/09/2011 - 10:19 | Português | |
Poesia/Meditação | Bruma Intemporal | 1 | 3.830 | 12/07/2011 - 01:03 | Português | |
Poesia/Meditação | Eras | 1 | 3.872 | 12/06/2011 - 20:49 | Português | |
Poesia/Meditação | Vão-se os Modos, Esvai-se o Tempo | 0 | 3.080 | 12/01/2011 - 20:29 | Português | |
Poesia/Meditação | Pensamento invulgar | 1 | 3.751 | 11/29/2011 - 23:21 | Português | |
Poesia/Meditação | Dor | 0 | 9.101 | 11/24/2011 - 12:45 | Português | |
Poesia/Meditação | Extraviados | 6 | 4.098 | 11/23/2011 - 11:12 | Português | |
Poesia/Meditação | Bom Dia | 1 | 5.207 | 09/29/2011 - 21:16 | Português | |
Poesia/Tristeza | Um nada somente | 1 | 4.347 | 09/14/2011 - 11:23 | Português | |
Prosas/Outros | Sol da Manhã | 0 | 3.193 | 09/12/2011 - 09:24 | Português | |
Poesia/Amor | Nu | 0 | 8.453 | 09/07/2011 - 10:07 | Português | |
Poesia/Amor | Tu | 2 | 8.379 | 08/30/2011 - 00:57 | Português | |
Poesia/Meditação | Só Alma | 1 | 5.759 | 08/26/2011 - 09:23 | Português | |
Poesia/Meditação | O Avesso de Mim | 2 | 3.793 | 08/23/2011 - 21:26 | Português | |
Poesia/Meditação | Grãos D'Ouro | 3 | 4.218 | 08/23/2011 - 21:22 | Português |
Comentários
Re: Além dos limites do eu
INQUIETANTE TEXTO.
Li e reli.
Certamente uma obra criada
com um tempero a mais.
Um toque a mais de capricho da poetisa.
Uma obstinação severa do seu Eu para com o seu propósito literário.
O talento da criação posto em prática.
A arte de fazer daquilo que seria bom,
ficar ainda melhor ao ponto de perfeito.
PARABÉNS!
Gostei
O seu poema éclássico
Pessoas Boas